Aumento da tarifa de importação de pneus pode elevar preços para consumidores

Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) propõe aumento da tarifa de importação de 16% para 35%, gerando debate entre associações e preocupações com impacto no mercado.

Por Plox

18/06/2024 09h11 - Atualizado há 3 meses

A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) solicitou ao Comitê de Alterações Tarifárias da Câmara de Comércio Exterior (Camex) o aumento da tarifa de importação de pneus de carga e passeio de 16% para 35%. O pedido, destinado a proteger a indústria nacional, pode resultar em preços mais altos para os consumidores finais.

Concorrência desleal e impacto na indústria nacional

A Anip argumenta que as importações de pneus de países asiáticos, como China, Vietnã, Malásia, Índia, Japão e Tailândia, cresceram significativamente, criando uma concorrência desleal. Entre 2020 e 2023, o volume de importações de pneus de carga no Brasil aumentou 295%, enquanto as vendas de empresas estrangeiras com produção local diminuíram.

A indústria nacional possui 21 fábricas em sete estados, tendo investido R$ 11 bilhões nos últimos 10 anos e gerado 32 mil empregos diretos e mais de 500 mil indiretos. A Anip enfatiza que essa concorrência ameaça empregos, futuros investimentos e toda a cadeia produtiva, que inclui produtores de borracha, têxteis, produtos químicos e aço.

Críticas dos importadores

A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip) criticou a proposta, destacando que a medida pode prejudicar empresas e empregos, especialmente em um cenário de dólar elevado (R$ 5,43) e altos custos de frete marítimo (US$ 10 mil por contêiner). A Abidip alerta que o aumento da tarifa impactará negativamente o comércio varejista de pneus e elevará os preços para os consumidores.

Questões ambientais e rodoviárias

Segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), 65% do transporte de cargas no Brasil é realizado por rodovias, com 67,5% das pistas em condições ruins, regulares ou péssimas, exigindo trocas frequentes de pneus. A Anip destaca que a indústria nacional cumpre metas ambientais rigorosas, tendo investido R$ 1,6 bilhão para coletar e destinar 4,7 milhões de toneladas de pneus inservíveis entre 2011 e 2022. Em contraste, os importadores acumulam um passivo ambiental de 419 mil toneladas de pneus não destinados corretamente.

A proposta da Anip gerou uma polêmica no setor, com associações defendendo interesses distintos. Enquanto a indústria nacional busca proteger seus investimentos e empregos, os importadores alertam para os possíveis impactos negativos nos preços e na economia.

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