Após seis meses, comunicação de Lula não consegue reverter queda de popularidade
Mesmo com mudanças estratégicas e promessa de modernização, nova gestão da Secom enfrenta dificuldades em fortalecer imagem do governo
Por Plox
18/06/2025 10h21 - Atualizado há 3 dias
Ao virar o ano de 2025, o governo federal decidiu apostar numa mudança significativa para tentar reverter os índices de desaprovação. A troca na chefia da Secretaria de Comunicação Social (Secom) trouxe Sidônio Palmeira, conhecido por seu trabalho como marqueteiro na campanha vitoriosa de Lula em 2022, em substituição ao ex-ministro Paulo Pimenta.

A ideia era clara: modernizar a comunicação, intensificando o contato direto entre o presidente e os cidadãos, sobretudo pelas redes sociais. Para isso, foram incorporados ao time da Secom profissionais que antes atuavam com João Campos (PSB), prefeito de Recife. A promessa era aumentar a visibilidade de Lula na mídia, incluindo a realização de entrevistas mais frequentes e com menos restrições de tempo.
Porém, desde janeiro, apenas duas coletivas foram realizadas — uma no início do ano e outra agora em junho. Internamente, ainda se fala em tornar essas agendas mais regulares, ao menos uma vez por mês.
Além disso, uma das frentes foi ampliar as viagens presidenciais pelo Brasil. Em evento recente no Mato Grosso, Lula afirmou que pretende percorrer o país para combater a desinformação:
“No mês que vem, vou começar a andar esse país porque chegou a hora de a gente assumir a responsabilidade de não permitir que a mentira, a canalhice, a fake news, ganhe espaço e que a verdade seja soterrada nesse país”
.
Ao assumir o comando da Secom, Sidônio destacou o desafio de inserir o governo no ambiente digital de forma mais efetiva, tentando diminuir o impacto da desinformação. O próprio presidente, porém, não possui celular, dependendo de intermediários — como sua esposa Janja da Silva — para acessar conteúdos online, o que reforça o caráter analógico da gestão.
Uma das propostas do novo ministro foi a realização de uma nova licitação para contratar serviços de comunicação digital e gerenciamento de redes sociais, já que a estrutura interna da Secom não seria suficiente. Embora tenha prometido agilidade no lançamento do edital, ele só deve ser publicado nesta semana, já ao fim do primeiro semestre.
Enquanto isso, as dificuldades permanecem. O governo continua sofrendo para controlar a narrativa em temas sensíveis e enfrenta sucessivas crises. Uma delas ocorreu após a Receita Federal editar um ato normativo para fiscalizar transações bancárias, gerando reação negativa sobre uma possível taxação do Pix, o que levou à revogação da medida.
Outro episódio foi o escândalo de fraudes no INSS. A gestão Lula tentou desvincular sua responsabilidade ao afirmar que os descontos indevidos começaram em 2019, ainda no governo Bolsonaro. Contudo, uma pesquisa Quaest divulgada em 4 de junho revelou que 31% dos entrevistados consideram a atual administração como a principal responsável pelo esquema.
Ao apresentar seu plano de atuação, Sidônio Palmeira defendeu uma estratégia baseada no tripé “comunicação, gestão e política”. No entanto, a prática tem sido marcada por ações reativas a crises, sem conseguir mudar a percepção popular ou frear o desgaste político do governo.