STF determina prisão de ex-assessor de Bolsonaro por descumprir medidas cautelares
Marcelo Câmara foi preso após interagir com ex-ajudante de ordens em desacordo com restrições
Por Plox
18/06/2025 22h10 - Atualizado há 1 dia
O Supremo Tribunal Federal, por meio do ministro Alexandre de Moraes, determinou a prisão de Marcelo Câmara, ex-assessor do ex‑presidente Jair Bolsonaro, por descumprimento de medida cautelar que proibia o uso de redes sociais, mesmo que por intermédio de terceiros.

A decisão ocorreu após o advogado de Câmara, Eduardo Kuntz, comunicar ao STF que, em 17 de junho, Mauro Cid — ex-ajudante de ordens de Bolsonaro — o procurou via Instagram (perfil @gabrielar702), iniciando conversas que envolviam informações protegidas por sigilo.
Segundo Moraes, houve tentativa de obter dados da delação premiada de Cid. O ministro afirmou que as ações do réu e de seu advogado eram “gravíssimas”, enquadrando-as como tentativa de obstrução das investigações sobre a suposta trama golpista.
Além do pedido de prisão, Moraes também autorizou a abertura de inquérito para investigar o advogado e o réu. A Polícia Federal já cumpriu o mandado.
O episódio veio na esteira da defesa de Câmara solicitar ao STF a anulação da delação de Mauro Cid. Segundo Kuntz, o contato inicial ocorreu em 29 de janeiro de 2023, quando ele acreditava tratar‑se de possível contratação profissional.
Para confirmar a identidade de Cid, o advogado pediu o envio de foto. Reconhecido, iniciou um questionário sobre pressão sofrida durante os depoimentos — que, segundo o militar, teriam sido conduzidos para induzi-lo a mencionar a palavra “golpe”. Ele relatou que os delegados insistiam por três dias, inclusive durante depoimento sobre joias.
Em suas palavras:
“Várias vezes eles queriam colocar palavras na minha boca… PR [Bolsonaro] não iria dar golpe nenhum.”
Para Kuntz, essa declaração demonstra que a colaboração não foi voluntária e, por isso, deve ser anulada.
Na última semana, em interrogatório com o ministro Moraes, Cid foi questionado sobre o uso dos perfis @gabrielar702 e Gabriela R no Instagram — supostamente ligados à sua esposa. Ele disse não saber quem os administrava e negou ter usado redes sociais para se comunicar com outros investigados. A defesa de Bolsonaro levantou suspeita de possível vazamento de depoimentos via essas contas.
Os fatos permanecem sob investigação do STF, enquanto a prisão de Câmara marca nova etapa no inquérito sobre a suposta tentativa de golpe no país.