Corpos de mortos dividem espaço com pacientes em São João de Meriti
Funcionários denunciam condições precárias em unidade de saúde da Baixada Fluminense
Por Plox
18/07/2024 14h27 - Atualizado há 2 meses
Funcionários de um posto de saúde em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, denunciaram uma situação alarmante: pacientes estão compartilhando a enfermaria com mortos devido à desativação do necrotério da unidade. Essa revelação veio à tona após a divulgação de imagens que mostram corpos em plásticos pretos ocupando leitos ao lado de pacientes vivos, incluindo idosos.
Necrotério desativado gera caos
O necrotério da unidade, conhecido como Posto de Saúde São João, foi desativado, resultando na permanência dos corpos nos leitos que poderiam ser utilizados por outros pacientes. A situação se repete não apenas nas enfermarias, mas também na sala vermelha, onde até dois corpos foram vistos ocupando leitos equipados.
Condições inadequadas de atendimento
Os problemas na unidade de saúde foram exacerbados pelas reformas em andamento. Uma placa na entrada indica um investimento de R$ 1 milhão do governo federal, com previsão de conclusão das obras em outubro. Durante esse período, várias salas estão fechadas e tendas foram instaladas para organizar o atendimento, forçando o uso de banheiros químicos pelos pacientes.
Riscos sanitários e humanitários
A presença de corpos nos leitos ao lado de pacientes representa não apenas um risco biológico e sanitário, mas também um impacto humanitário significativo. O conselheiro André Luís Medeiros do Conselho Regional de Medicina destacou os riscos: "Na enfermaria, nós temos pacientes e acompanhantes que estão numa situação de vulnerabilidade. Não se trata só de um risco biológico, do risco sanitário que o cadáver pode vir a representar, mas também temos um aspecto humanitário na questão, porque nós podemos imaginar o que pode representar para um paciente - numa situação de vulnerabilidade - e pro seu acompanhante ter um cadáver ali ao seu lado."
Respostas das autoridades
A Secretaria de Saúde, ao ser procurada, afirmou que os corpos foram mantidos em local com refrigeração adequada e que os problemas persistiram por cinco dias devido a problemas de fornecimento de energia elétrica na região. A pasta garantiu que a situação seria resolvida nesta quinta-feira (18).