Suicídios entre policiais superam mortes em confronto no Brasil

Número de suicídios supera mortes em serviço e folga pela primeira vez na história

Por Plox

18/07/2024 12h38 - Atualizado há 3 meses

O 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (18), revela um dado alarmante: pela primeira vez, o número de policiais militares mortos por suicídio superou o de agentes assassinados em confrontos. Essa tendência foi observada tanto no cenário nacional quanto em estados como Acre, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Aumento expressivo nos suicídios de policiais

Em 2023, a taxa de suicídios entre policiais civis e militares da ativa no Brasil cresceu 26,2%, enquanto as mortes por crimes violentos letais e intencionais caíram 18,1%. No ano passado, foram registrados 110 suicídios de policiais militares, comparados a 107 mortes em confrontos ou por lesões não naturais. Além disso, oito policiais civis tiraram suas próprias vidas no mesmo período. Em Minas Gerais, foram reportados 13 suicídios entre PMs.

Impacto do sigilo e necessidade de políticas públicas

O relatório destaca a importância da transparência nos dados sobre suicídios, criticando a falta de registros em anos anteriores que dificultou a criação de políticas públicas eficazes. "O silêncio em nada contribui para que comecemos a apresentar soluções e estratégias de enfrentamento a uma questão que, como sabemos, é comum a todas as polícias", afirma o anuário.

Fatores contribuintes e reflexões sobre a segurança pública

O anuário também aponta para os altos níveis de estresse e trauma enfrentados pelos policiais como fatores críticos. Relatórios dos Estados Unidos indicam que esses elementos são determinantes para o desenvolvimento de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), exacerbado por cronogramas de trabalho desafiadores e distúrbios do sono.

A publicação provoca uma reflexão sobre as ações governamentais frente ao suicídio de policiais: "Não é raro, a exemplo do que vemos em São Paulo, que, quando um policial militar morre em confronto em serviço, a instituição adote verdadeiras operações vingança. Mas e agora que a maior causa das mortes é o suicídio, o que fazer? Que operações serão realizadas para honrar esses policiais? Quem é o inimigo, se o que adoece o policial é a própria polícia?"

 

A situação evidenciada pelo anuário destaca a urgência de ações concretas e mudanças na cultura organizacional das forças policiais para abordar e prevenir o suicídio entre seus membros. Os dados reforçam que a saúde mental dos policiais precisa ser tratada com seriedade e transparência, assegurando que a vida desses profissionais seja devidamente protegida e valorizada.

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