Bolsonaro recebe tornozeleira, perde redes sociais e é proibido de sair à noite
Por ordem do STF, ex-presidente ainda não pode se comunicar com outros investigados, incluindo Eduardo Bolsonaro, e teve dinheiro e pen drive apreendidos
Por Plox
18/07/2025 13h49 - Atualizado há 1 dia
A manhã desta sexta-feira (18) marcou mais um capítulo na crise política envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão, além de impor uma série de medidas cautelares contra Bolsonaro, sob determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre as restrições, destaca-se a obrigatoriedade do uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de acesso às redes sociais e a vedação para deixar sua residência entre 19h e 6h, incluindo nos fins de semana. Bolsonaro também está proibido de manter contato com diplomatas, frequentar embaixadas ou se comunicar com qualquer outro investigado, incluindo seu filho Eduardo Bolsonaro.
Segundo Moraes, há indícios de que Jair e Eduardo Bolsonaro estariam tentando influenciar processos no STF ao conduzir tratativas com autoridades estrangeiras, principalmente nos Estados Unidos. A investigação aponta para suspeitas de coação no curso do processo, obstrução da Justiça e tentativa de atentado à soberania nacional.

Durante a operação, a PF apreendeu cerca de US$ 14 mil, R$ 8 mil em espécie e um pen drive escondido no banheiro da casa do ex-presidente. Bolsonaro alegou desconhecer o conteúdo do dispositivo e disse possuir recibo bancário do valor apreendido em dólar.
As medidas têm como base a avaliação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que vê risco concreto de fuga e de continuidade de ações que obstruam a Justiça. Moraes reforçou esse entendimento ao associar o apoio financeiro de Bolsonaro ao filho Eduardo — estimado em US$ 2 milhões — à articulação de pressões internacionais contra a Corte brasileira.

O cenário se agravou após uma carta enviada por Donald Trump a Bolsonaro e uma mensagem anterior endereçada ao presidente Lula, nas quais o norte-americano defende o ex-presidente brasileiro e anuncia a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros. Moraes considera que a tentativa de usar influência estrangeira como forma de pressionar o STF constitui grave afronta à soberania do país.
Em entrevista após colocar a tornozeleira na sede da Secretaria de Administração Penitenciária, Bolsonaro afirmou que as medidas representam sua "suprema humilhação". Disse ainda que “nunca pensou em sair do Brasil ou ir para embaixada”.

A defesa de Bolsonaro declarou ter recebido com surpresa e indignação a decisão do STF e garantiu que o ex-presidente sempre colaborou com a Justiça. Já o PL, partido de Bolsonaro, classificou a medida como desproporcional. Eduardo Bolsonaro, por sua vez, reagiu nas redes sociais, afirmando que Moraes "dobrou a aposta".
A Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux, iniciou uma sessão virtual extraordinária ainda nesta sexta para avaliar as medidas. Dino já manifestou voto a favor da manutenção integral das restrições impostas a Bolsonaro.
Com isso, o ex-presidente segue impedido de exercer qualquer atividade política pública, enquanto o inquérito sobre sua suposta tentativa de golpe de Estado segue em curso no Supremo Tribunal Federal.