Fígado é levado de helicóptero em operação urgente no RJ e salva paciente
Com apenas seis horas disponíveis para o transplante, helicóptero pousa na Avenida Brasil para transportar fígado até hospital na Zona Sul do Rio
Por Plox
18/07/2025 17h34 - Atualizado há 13 dias
Em uma ação marcada pela urgência e precisão, um paciente de 60 anos recebeu um fígado transportado por helicóptero até o Hospital São Lucas, em Copacabana, na manhã desta sexta-feira (18). A operação teve início nas primeiras horas do dia, quando um engarrafamento na movimentada Avenida Brasil impediu o transporte terrestre dos órgãos que seguiam para transplante.

Entre os órgãos transportados estavam dois rins e o fígado, retirados de uma mulher de 49 anos que morreu no Hospital Municipal Pedro II, na Zona Oeste do Rio. O trânsito intenso forçou a Secretaria Estadual de Saúde a acionar uma aeronave, que decolou por volta das 7h05 para interceptar o veículo com os órgãos.
Às 7h13, o helicóptero pousou na pista central da Avenida Brasil. Em menos de um minuto e meio, os órgãos foram transferidos para a aeronave, que decolou rumo ao Heliponto da Lagoa, na Zona Sul. O comandante da operação foi Adalberto Neiva, piloto com 23 anos de experiência, que destacou a complexidade e o risco da missão:
"Pousar na Avenida Brasil não é uma operação fácil. Precisamos do apoio da PM e da população. Cada minuto conta quando falamos em salvar uma vida\"
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Ao chegar ao heliponto, os órgãos foram colocados em uma picape que percorreu rapidamente as ruas da Zona Sul até o Hospital São Lucas. Em cerca de 10 minutos, o fígado chegou ao centro cirúrgico, onde o paciente já estava preparado para o transplante. A cirurgia, conduzida pelo cirurgião Eduardo Fernandes, durou cerca de três horas e foi considerada um sucesso. Curiosamente, o mesmo paciente havia sido submetido a um transplante de fígado exatamente 18 anos antes, em 18 de julho de 2007, no Hospital da UFRJ.
Além do fígado, os rins extraídos da mesma doadora serão destinados a outros dois pacientes, que ainda aguardam confirmação de compatibilidade. Esses órgãos possuem até 14 horas para serem transplantados, o que permite maior flexibilidade na logística de transporte.
Casos como esse não são inéditos no Rio de Janeiro. Em outubro do ano anterior, uma operação semelhante ocorreu na Linha Vermelha, onde o corredor foi fechado para permitir o transporte de um fígado até o Hospital Silvestre, no Cosme Velho. Na ocasião, o órgão veio de Vitória e foi desembarcado no Galeão.
Dados da Secretaria Estadual de Saúde revelam que, em 2024, o estado do Rio realizou 1.566 transplantes de órgãos sólidos e córneas, além de ter enviado 28 órgãos para outras unidades da federação. De janeiro a junho de 2025, foram contabilizados 761 transplantes e 16 envios interestaduais.
Em escala nacional, o Brasil ultrapassou em 2024 a marca de 30 mil transplantes, número recorde da série histórica. Cerca de 85% desses procedimentos foram realizados pelo SUS, que destinou R$ 1,47 bilhão à área no último ano — um crescimento de 28% em relação a 2022.