Haddad critica Bolsonaro e Tarcísio após ameaça de Trump ao Brasil
Ministro reage à fala de Trump sobre sobretaxar exportações brasileiras e classifica postura da família Bolsonaro como 'inversão de valores'
Por Plox
18/07/2025 08h25 - Atualizado há 1 dia
Durante entrevista ao jornal Estadão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez duras críticas à postura da família Bolsonaro diante da ameaça feita pelo presidente norte-americano Donald Trump, que cogitou sobretaxar em 50% as exportações do Brasil.

Haddad classificou como inaceitável a possibilidade de o país arcar com prejuízos em função da atuação de um ex-presidente e afirmou que é Bolsonaro quem deveria se sacrificar pelo Brasil, e não o contrário. Em suas palavras,
\"um soldado se sacrificar por seu país é comum, mas um soldado sacrificar o próprio país por si mesmo é uma história digna de série de TV\"
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Além disso, o ministro apontou que o posicionamento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que saiu em defesa do ex-presidente, é “estranhíssimo” e “indigno”. Haddad também criticou a ideia de múltiplas frentes de negociação com os Estados Unidos, argumentando que as tratativas devem ser centralizadas no governo federal para evitar divisões e garantir uma estratégia unificada. Segundo ele, abrir diversas mesas, como uma com Tarcísio, outra com o governador do Rio ou de Minas, não é o caminho.
Questionado sobre a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos e o papel que ele tenta assumir como interlocutor, Haddad foi enfático: “Eles produziram essa situação. Agora, temos o Itamaraty, com toda a diplomacia brasileira, lidando com isso. A pior coisa seria nos dividirmos”.
O ministro ainda reforçou que a resposta do governo brasileiro às ações norte-americanas será feita ponto a ponto, com base em esclarecimentos. Ele ironizou a proposta de sobretaxa, dizendo: “Um presidente querer taxar o Pix de outro país? Vai realizar o sonho do Nikolas de taxar o Pix”.
A tensão nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos aumentou após o anúncio da investigação comercial feita pelo governo norte-americano, divulgada em 15 de julho. A medida gerou preocupação em setores econômicos importantes, inclusive aqueles que apoiaram Bolsonaro nas eleições de 2018. Segundo Haddad, a atuação da família Bolsonaro tem causado caos e pavor, sem qualquer gesto concreto para contribuir com o país.