Adolescente engravidou em festa com álcool na mansão de Hytalo e seu marido
Adolescentes eram mantidos sob rígido controle, expostos a exploração e negligência em residência de luxo na Paraíba.
Por Plox
18/08/2025 09h56 - Atualizado há cerca de 9 horas
Uma série de denúncias anônimas desencadeou uma investigação que revelou o cotidiano de adolescentes vivendo sob regras rígidas e suspeitas de exploração dentro de uma mansão localizada em João Pessoa, na Paraíba. O influenciador Hytalo Santos e seu marido, Israel Nata Vicente, foram detidos em São Paulo, na sexta-feira (15), acusados de tráfico de pessoas e exploração sexual de menores.

Segundo relatos de ex-funcionários, que preferiram manter o anonimato, os jovens que viviam com o casal eram submetidos a uma rotina severamente controlada. Eles não tinham liberdade para decidir quando comer, dormir ou usar o celular, sempre dependendo da autorização direta de Hytalo. A casa, segundo os depoimentos, era mantida em condições precárias de higiene e os adolescentes, por vezes, passavam fome.
Festas eram constantes no local, com bebidas alcoólicas disponibilizadas livremente aos menores. Ainda de acordo com as investigações conduzidas pelo Ministério Público do Trabalho da Paraíba em conjunto com a Polícia Civil, os adolescentes eram utilizados como participantes de um falso “reality show”, onde gravavam vídeos diariamente — muitos com coreografias sensuais. Esse conteúdo era veiculado nas redes sociais e gerava lucros significativos ao casal por meio de publicidade, rifas e sorteios online.
Entre os casos mais graves apurados, uma adolescente engravidou durante sua estadia na residência e perdeu o bebê. A frequência escolar dos jovens era afetada pelas atividades impostas por Hytalo, com alguns ficando até 50 dias longe da escola para participar de viagens para gravações. Os pais das vítimas recebiam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil mensais como forma de “mesada” para permitir que os filhos permanecessem na casa do influenciador. Ainda assim, conselheiros tutelares afirmam que nunca receberam denúncias formais das famílias, muitas delas residentes em Cajazeiras, terra natal de Hytalo.
A trajetória do influenciador começou com aulas de dança em praças públicas, mas, com o tempo, ele passou a ostentar carros de luxo e propriedades em diferentes localidades. Ex-funcionários relataram que ele movimentava grandes quantias em dinheiro vivo e recebia joias. A defesa, no entanto, nega qualquer envolvimento em atividades ilegais.
Após denúncias feitas por outro criador de conteúdo, o youtuber Felca, as contas de Hytalo nas principais redes sociais foram suspensas. Segundo comunicado da Meta, a monetização foi interrompida por violar regras contra sexualização infantil. O YouTube e o TikTok confirmaram que também tomaram medidas, incluindo a exclusão de canais e proibição de monetização.
“Temos regras rigorosas contra a sexualização infantil e removemos esses conteúdos assim que identificados”, afirmou a Meta em nota oficial.
A defesa do casal afirma que eles não estavam fugindo, apenas passeando em São Paulo, e considera a prisão um “exagero”. Já o Ministério Público sustenta que há provas suficientes de que os adolescentes eram aliciados em diferentes cidades e levados a João Pessoa, onde eram forçados a produzir conteúdo e viver em regime semelhante ao trabalho forçado. Após a prisão, os jovens foram devolvidos às suas famílias.
A repercussão do caso levantou questionamentos sobre os critérios de moderação de conteúdo nas plataformas digitais. O TikTok, por exemplo, informou que já havia banido contas ligadas ao influenciador em 2023 e 2025, e que suas diretrizes proíbem qualquer exposição inapropriada de menores ou conteúdo que possa causar dano físico ou psicológico. Com isso, o caso continua a ser acompanhado pelas autoridades enquanto novos desdobramentos são esperados.