Entenda como Elon Musk burlou o bloqueio do X no Brasil

No entanto, a nova configuração da rede, através da Cloudflare, permite uma rotação constante dos endereços IP, dificultando a identificação e a interrupção da plataforma.

Por Plox

18/09/2024 18h06 - Atualizado há cerca de 1 mês

Apesar da decisão judicial de manter o bloqueio da rede social X no Brasil, internautas voltaram a acessar a plataforma nesta quarta-feira (18). Isso foi possível graças a uma mudança no sistema de operação da rede, gerenciada por Elon Musk. Segundo a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), o X agora utiliza endereços de IP dinâmicos fornecidos pela Cloudflare, um serviço que torna o bloqueio mais complexo.

Foto:   Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A Abrint explicou em nota que, antes do bloqueio imposto pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o X usava IPs fixos, que eram facilmente identificáveis e passíveis de bloqueio. No entanto, a nova configuração da rede, através da Cloudflare, permite uma rotação constante dos endereços IP, dificultando a identificação e a interrupção da plataforma.

Impacto de bloquear Cloudflare em outros serviços

A Cloudflare é uma empresa que atua como um proxy reverso, interceptando as solicitações dos usuários antes de encaminhá-las para os servidores de destino. Com essa nova estratégia, o X conseguiu contornar a decisão judicial de bloqueio, usando a infraestrutura da Cloudflare para alterar seus IPs de forma dinâmica.

Bloquear completamente a Cloudflare resultaria em um impacto significativo em outros serviços que dependem da empresa, como plataformas financeiras e grandes sites. A Abrint alertou que essa medida poderia prejudicar a funcionalidade de muitos serviços importantes no Brasil, como bancos e outras redes online. Em comunicado, a entidade destacou: "Bloquear o Cloudflare significaria bloquear não apenas o X, mas também uma série de outros serviços que dependem dessa infraestrutura, o que poderia afetar negativamente a internet como um todo".

Provedores de internet aguardam orientação da Anatel

A Abrint reforçou que os provedores de internet não podem, por conta própria, bloquear o X sem uma orientação oficial da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Sem esse direcionamento, as ações de bloqueio permanecem paralisadas, e o acesso ao X continua possível para os usuários brasileiros, mesmo com a ordem judicial vigente.

Contexto do bloqueio judicial

O bloqueio da rede social X no Brasil foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes em 31 de agosto, após a plataforma descumprir uma ordem judicial anterior. O STF havia exigido que a empresa indicasse um representante legal no Brasil em até 24 horas, o que não foi feito. Como resposta, o ministro ordenou a suspensão total da rede social no país.

Além disso, Moraes determinou o bloqueio das contas da Starlink, também de propriedade de Elon Musk, como forma de garantir o pagamento de multas impostas ao X pelo descumprimento das decisões judiciais. No entanto, na semana passada, as empresas quitaram suas dívidas com a União, pagando R$ 11 milhões da Starlink e R$ 7,2 milhões do X.

Após o pagamento dessas multas, Alexandre de Moraes autorizou o desbloqueio das contas bancárias e dos ativos financeiros da Starlink no Brasil.

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