Imposto seletivo preocupa setor automotivo e pode elevar carga tributária
Fabricantes temem impacto do novo tributo previsto na Reforma Tributária, que entra em vigor em 2027 e incidirá sobre veículos de todas as motorizações
Por Plox
18/09/2025 13h26 - Atualizado há cerca de 3 horas
A iminente cobrança do imposto seletivo, prevista para 2027 dentro da Reforma Tributária, tem gerado grande apreensão no setor automotivo brasileiro. A medida, que afetará produtos considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, é vista como um risco à previsibilidade e estabilidade das empresas do segmento.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) manifestou forte preocupação com a proposta. Segundo a entidade, a nova tributação poderá atingir automóveis de todas as motorizações, encarecendo os veículos e afastando potenciais compradores. A consequência, segundo o setor, pode ser o prolongamento da vida útil de carros mais antigos, que são menos seguros e mais poluentes.
“Se algo tem tirado nosso sono é esse tributo”, afirmou Igor Calvet, presidente da Anfavea, durante o painel de encerramento do ABX25, evento da Automotive Business realizado no São Paulo Expo. Ele destacou que o setor está a menos de um ano e meio do início da nova cobrança e ainda não tem clareza sobre qual será a carga tributária final. “Podemos ter aumento real de impostos, o que não era o objetivo inicial do governo”, alertou.
Calvet recebeu o apoio de executivos de montadoras como Toyota, Volkswagen, Ford e GWM Brasil, que também participaram do evento. Todos reforçaram o apelo por mais previsibilidade e celeridade na regulamentação das novas regras. Um dos pontos destacados foi a necessidade de avanços no programa Mover, que prevê R$ 19,3 bilhões em créditos financeiros entre 2024 e 2028, em troca de investimentos em pesquisa e inovação.
Apesar das incertezas, Calvet afirmou que nenhuma empresa sinalizou recuo nos aportes previstos. O total estimado de investimentos no setor, incluindo fabricantes e fornecedores, é de R$ 190 bilhões. “Nosso setor é resiliente. Em agosto, batemos recorde de emplacamentos de novas tecnologias, com 11% do mercado, sendo que um quarto já é de veículos produzidos no Brasil”, concluiu.