Política

Bolsonaro passa por perícia da PF em meio a impasse com Moraes sobre cirurgia de hérnia

Ex-presidente foi submetido a exames no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, enquanto defesa usa quadro de saúde para tentar converter prisão preventiva em domiciliar humanitária

18/12/2025 às 09:27 por Redação Plox

BRASÍLIA – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi submetido nesta quarta-feira (17/12) a uma perícia médica da Polícia Federal (PF), em meio ao impasse entre sua defesa e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sobre a urgência de uma cirurgia para retirada de uma hérnia inguinal. A intervenção poderia levar Bolsonaro a deixar temporariamente a Superintendência da PF, onde está há 25 dias.

Jair Bolsonaro (esq) em conversa com Celso Vilardi, advogado responsável pela sua defesa

Jair Bolsonaro (esq) em conversa com Celso Vilardi, advogado responsável pela sua defesa

Foto: Ton Molina/STF


A bateria de exames foi realizada no Instituto Nacional de Criminalística e concluída por volta das 15h. De acordo com registro feito no X (antigo Twitter) pelo advogado João Henrique de Freitas, o procedimento ocorreu com acompanhamento médico particular do ex-presidente e terminou sem intercorrências.

O ato pericial transcorreu com normalidade, tendo os peritos examinado o presidente Jair Bolsonaro com o acompanhamento do Dr. (Brasil Ramos) Caiado. O presidente encontra-se soluçando.

João Henrique de Freitas

Ex-assessor de Bolsonaro na Presidência, João Henrique afirmou ainda que o laudo pericial deve ser concluído nos próximos dias e encaminhado ao gabinete de Alexandre de Moraes. A PF foi questionada sobre o prazo para a finalização do documento, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.

Pressão da defesa por cirurgia e laudo atualizado

Alexandre de Moraes decidiu antecipar a perícia médica após seguidas manifestações da defesa pela realização urgente da cirurgia de hérnia inguinal. Em petição apresentada na última segunda-feira (15/12), os advogados anexaram um laudo particular assinado pelo médico Cláudio Birolini, responsável pelo acompanhamento de Bolsonaro.

No documento, a defesa sustenta que a necessidade de intervenção cirúrgica não seria uma possibilidade distante, mas uma demanda médica imediata, baseada em exames recentes e em quadro clínico atual. O médico recomendou que o ex-presidente fosse levado ao hospital DF Star, em Brasília, com previsão de internação de cinco a sete dias.

Segundo o parecer, esse período seria necessário para avaliação pré-operatória, realização do procedimento cirúrgico e anestésico, controle da dor no pós-operatório, profilaxia de eventos trombóticos e fisioterapia motora.

Questionamentos de Moraes e nova avaliação

O novo laudo, resultado de uma ultrassonografia de abdômen feita no último domingo (14/12), foi apresentado como resposta a dúvidas levantadas por Moraes sobre os primeiros exames entregues pela defesa. O ministro havia registrado que os documentos médicos não eram atuais e que o mais recente tinha sido produzido três meses antes.

Ao determinar que a PF teria 15 dias para avaliar se Bolsonaro deveria ser submetido com urgência à cirurgia, Moraes levou a defesa a solicitar que o ex-presidente pudesse passar por ultrassonografia dentro da própria carceragem, em Brasília. Os advogados alegaram que a medida serviria apenas para agilizar a instrução pericial, sem necessidade de deslocamento do preso.

Saúde como base para pedido de prisão domiciliar

O estado de saúde de Bolsonaro é hoje o principal pilar da estratégia da defesa para tentar transformar a prisão preventiva em prisão domiciliar humanitária. Embora o ex-presidente tenha à disposição atendimento médico em regime de plantão na Superintendência da PF, os advogados argumentam que o quadro clínico seria incompatível com o regime fechado.

Na nova manifestação encaminhada na segunda-feira, acompanhada do laudo da ultrassonografia de abdômen, a defesa reforçou que a confirmação da hérnia inguinal bilateral com conteúdo intestinal e a indicação formal de cirurgia imediata ampliam o risco à integridade física de Bolsonaro caso ele permaneça no cárcere.

Para os advogados, a manutenção do ex-presidente em regime fechado, diante da recomendação de intervenção cirúrgica urgente, agrava o cenário e fortalece o argumento pela concessão de prisão domiciliar.

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