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Saúde
Estudo revela mecanismos imunológicos que protegem parte dos infectados da dengue
Pesquisa internacional com uso de transcriptômica de célula única mostra que ativação robusta de linfócitos T CD8 e perfis específicos de células NK ajudam a manter alguns pacientes assintomáticos, enquanto padrões ligados a anticorpos e à citocina IL-10 estão associados a quadros graves
18/12/2025 às 06:33por Redação Plox
18/12/2025 às 06:33
— por Redação Plox
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Nem toda infecção por dengue resulta em febre, dor ou internação, e um novo estudo internacional ajuda a esclarecer por quê.
Pesquisadores identificaram que pessoas infectadas pelo vírus da dengue que não apresentam sintomas acionam mecanismos imunológicos diferentes — e possivelmente mais eficientes — em comparação àquelas que desenvolvem a doença.
O trabalho, liderado por cientistas da Mahidol University, na Tailândia, em parceria com a Universidade de Cambridge, no Reino Unido, analisou células do sistema imunológico de indivíduos com infecção assintomática, dengue clássica e dengue hemorrágica. O estudo foi publicado na revista científica Science Translational Medicine.
A dengue infecta cerca de 390 milhões de pessoas por ano no mundo, principalmente em países tropicais. Entender por que apenas uma parte desses casos evolui para formas graves ainda é um dos grandes desafios da pesquisa sobre a doença.
Aedes aegypti: mosquito transmissor da dengue
Foto: Reprodução
Defesas celulares mais eficazes em infecções assintomáticas
Ao analisar células do sangue por meio de transcriptômica de célula única, os pesquisadores observaram que indivíduos assintomáticos apresentam maior ativação de linfócitos T CD8, responsáveis por eliminar células infectadas. Eles também exibem perfis específicos de células natural killer (NK), que atuam na resposta antiviral precoce.
Segundo os autores, essas pessoas ainda mostram sinais de processamento mais eficiente dos antígenos virais, etapa fundamental para que o sistema imunológico reconheça e combata o vírus com rapidez.
Esses achados sugerem que respostas celulares robustas podem estar associadas à proteção natural contra os sintomas da dengue.
pesquisadores, nas conclusões do estudo
Casos graves se associam a resposta guiada por anticorpos
Entre os pacientes com dengue sintomática, especialmente nos quadros mais graves, os cientistas identificaram padrões ligados à entrada do vírus mediada por anticorpos e à expansão de plasmablastos produtores de imunoglobulinas. Esse processo está associado à ação da citocina IL-10, conhecida por modular respostas inflamatórias.
Esse tipo de resposta imune pode favorecer uma inflamação excessiva e se alinha a hipóteses já discutidas na literatura científica sobre os mecanismos que levam à dengue grave.
Estudo acompanha evolução da resposta imune
Além da análise pontual, o estudo acompanhou pacientes sintomáticos por até dois meses, permitindo observar como a resposta imunológica muda da fase aguda até a recuperação. Os dados revelam alterações dinâmicas na ativação de diferentes tipos de células imunes, indicando que o desfecho clínico da dengue não depende de um único fator isolado.
Pontos fortes e limitações da pesquisa
Os cientistas realizaram análises de célula única em células mononucleares do sangue periférico (PBMCs), combinando dados genéticos, imunológicos e clínicos. Entre os pontos fortes do trabalho estão o alto grau de detalhamento celular e o acompanhamento longitudinal de parte dos pacientes.
Como limitação, os autores destacam a dificuldade em recrutar indivíduos assintomáticos e o caráter observacional do estudo, que impede estabelecer relações diretas de causa e efeito. Ainda assim, a pesquisa oferece um mapa detalhado das respostas imunes associadas tanto à proteção quanto à gravidade da dengue.
Impacto para vacinas e novos tratamentos
Os resultados podem orientar o desenvolvimento de vacinas e estratégias terapêuticas voltadas a estimular respostas imunológicas semelhantes às observadas em pessoas naturalmente protegidas contra os sintomas da dengue.