Economia

Trabalhadores do terceiro setor ganham mais que em empresas, mas menos que no serviço público, aponta IBGE

Levantamento sobre fundações privadas e associações sem fins lucrativos mostra remuneração média de 2,8 salários mínimos em 2023, crescimento de 4% no número de organizações e forte presença feminina, apesar da diferença salarial de gênero

18/12/2025 às 10:47 por Redação Plox

Fundações privadas e associações sem fins lucrativos pagaram, em 2023, remunerações mensais superiores às das empresas no país. Enquanto trabalhadores dessas instituições recebiam, em média, R$ 3.630,71 – o equivalente a 2,8 salários mínimos –, empregados de entidades empresariais ganhavam cerca de 2,5 salários mínimos.

Remuneração mensal média foi de 2,8 salários mínimos em 2023

Remuneração mensal média foi de 2,8 salários mínimos em 2023

Foto: Agência Brasil


Em 2023, ano-base do levantamento, o salário mínimo médio foi de R$ 1.314,46. Tanto as fundações e associações quanto as empresas continuaram abaixo da administração pública, que registrou média de quatro salários mínimos por trabalhador.

Os números integram estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que detalha o perfil das fundações privadas e associações sem fins lucrativos, conhecidas pela sigla Fasfil. As informações foram obtidas a partir do Cadastro Central de Empresas do IBGE (Cempre).

O levantamento é realizado desde 2002, mas mudanças metodológicas permitem comparar os dados de 2023 apenas com os de 2022.

O que é considerado fundação ou associação sem fins lucrativos

De acordo com o IBGE, são classificadas como Fasfil as associações comunitárias, fundações privadas, entidades religiosas, instituições educacionais e de saúde sem fins lucrativos.

Ficam de fora desse grupo sindicatos, partidos políticos, condomínios e órgãos paraestatais, como o Sistema S. Essas estruturas formam um conjunto à parte, denominado apenas entidades sem fins lucrativos, e não entram na categoria de fundações e associações analisadas pelo estudo.

Setor cresce e já soma quase 600 mil instituições

Entre 2022 e 2023, o número de fundações privadas e associações sem fins lucrativos aumentou 4%, passando de 573,3 mil para 596,3 mil unidades.

Esse contingente equivale a 5% do total de 11,3 milhões de organizações existentes no país, considerando empresas, órgãos públicos e demais tipos de entidades.

As Fasfil empregaram 2,7 milhões de pessoas em 2023, o que corresponde a 5,1% do total de trabalhadores brasileiros, e foram responsáveis por 5% da massa de salários paga no país.

O estudo também calculou a remuneração média em salários mínimos, com o seguinte resultado:

Administração pública: 4 salários mínimos
Fundações privadas e associações: 2,8 salários mínimos
Entidades sem fins lucrativos: 2,6 salários mínimos
Entidades empresariais: 2,5 salários mínimos
Total dos trabalhadores: 2,8 salários mínimos

Religião lidera em número de organizações

O IBGE identificou que pouco mais de um terço (35,3%) das fundações privadas e associações sem fins lucrativos é formado por entidades religiosas, que somam 210,7 mil organizações.

Na sequência, aparecem as instituições de cultura e recreação (89,5 mil), de desenvolvimento e defesa de direitos (80,3 mil), associações patronais e profissionais (69,5 mil), de assistência social (54 mil) e de educação e pesquisa (28,9 mil). Também foram identificadas entidades ligadas a meio ambiente e proteção animal, à habitação (626 organizações) e a outras finalidades (49,1 mil).

Saúde é a área que mais emprega

De cada dez trabalhadores das fundações e associações, pouco mais de quatro (41,2%) atuavam na área de saúde, que aparece como a principal empregadora, com cerca de 1,1 milhão de pessoas ocupadas.

A educação e a pesquisa respondiam por 27,7% dos empregos nessas instituições, à frente da assistência social, com 12,7% dos postos de trabalho.

Participação feminina é maior, mas desigualdade persiste

No conjunto de organizações do país, as mulheres representam 45,5% do total de ocupados. Entre as fundações privadas e associações sem fins lucrativos, essa participação sobe para 68,9% dos trabalhadores assalariados.

Na educação infantil, a presença feminina é ainda mais expressiva: nove em cada dez trabalhadores (91,7%) são mulheres.

Apesar da maior participação, elas continuam recebendo menos que os homens também nesse segmento. Segundo o IBGE, nas fundações privadas e associações sem fins lucrativos a remuneração feminina é, em média, 19% inferior à dos trabalhadores do sexo masculino.

Importância econômica e social do setor

Para a coordenação de Cadastros e Classificações do IBGE, o estudo evidencia a relevância das fundações e associações sem fins lucrativos para o país, tanto na geração de empregos quanto na oferta de serviços essenciais à população, em áreas como saúde, educação, assistência social, defesa de direitos e meio ambiente.

Tamanho médio e grandes empregadores

As fundações privadas e associações sem fins lucrativos tinham, em média, 4,5 empregados em 2023. No entanto, 85,6% dessas organizações não possuíam nenhum empregado formal, funcionando sem vínculos assalariados. Apenas 0,7% contavam com 100 ou mais funcionários.

Entre as atividades com maior porte médio, destacam-se os hospitais, com 269,7 assalariados por unidade, as instituições de saúde em geral (132,5), as de ensino superior (73,9) e de ensino médio (73,8).

Na outra ponta, as entidades de religião aparecem com o menor porte: em média, 0,6 trabalhador assalariado por organização.

Compartilhar a notícia

V e j a A g o r a