Educação Positiva: uma abordagem sem violência na criação de crianças
Pedagogia baseada no respeito e na comunicação construtiva ganha destaque em contraste com métodos tradicionais punitivos
Por Plox
19/01/2024 06h23 - Atualizado há 9 meses
A educação positiva, um método que exclui o uso de violência física e verbal na criação de crianças, vem ganhando espaço no cenário educacional brasileiro. Daniela Alves, pedagoga de Belo Horizonte, é uma das adeptas dessa abordagem, que se concentra no respeito às emoções infantis e na promoção de um diálogo construtivo. Contrapondo-se à educação tradicional, que muitas vezes recorre a métodos punitivos, a psicologia positiva busca estabelecer limites de maneira firme e gentil, valorizando as emoções das crianças e entendendo as causas de comportamentos negativos.
A violência na educação infantil, além de ser prejudicial ao desenvolvimento emocional e psicológico das crianças, é considerada crime no Brasil. Raquel Coelho, professora de direito e coordenadora do Núcleo de Estudos Aplicados, Direito, Infância e Justiça (Nudijus) da Universidade Federal do Ceará (UFC), destaca a importância de tratar crianças e adolescentes como sujeitos de direitos. Isso reflete a mudança de paradigma pós-Constituição de 1988, que estabeleceu crianças e adolescentes como protagonistas de suas histórias e não meros tutelados.
Meire Rose Cassini, especialista de saúde mental do Hospital Felício Rocho, aponta os riscos da violência na criação de crianças. Segundo ela, educar “no grito” ou com violência física pode causar transtornos emocionais, como estresse e quadros depressivos. Esse tipo de educação pode aumentar a quantidade de cidadãos violentos na sociedade.
Em termos legais, a agressão contra menores de idade acarreta penas severas. A legislação brasileira prevê detenção de dois meses a um ano e multa para casos de agressão, com aumento de pena em 2/3 se a vítima for menor de 14 anos.
A técnica da Comunicação Não Violenta (CNV), desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Marshall Bertram Rosenberg, é outra ferramenta que vem sendo utilizada para resolver conflitos de maneira construtiva. Mara Duarte da Costa, neuropedagoga e psicopedagoga, sugere o uso de perguntas e diálogo para ajudar as crianças a refletir e encontrar soluções para seus problemas.
O caso de Bernardo Boldrini, um menino de 11 anos espancado e morto pelo padrasto em 2014, em Três Passos (RS), evidenciou a necessidade de mudanças na legislação. O trágico evento resultou na alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), garantindo o direito das crianças a uma educação livre de castigos físicos ou tratamento degradante, conhecido como Lei Menino Bernardo.
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