Mineração de lítio em Minas atrai a BYD para produção de baterias para veículos elétricos

Montadora chinesa adquiriu área no Vale do Jequitinhonha e busca reduzir dependência de importações

Por Plox

19/02/2025 08h30 - Atualizado há cerca de 1 mês

A BYD está avançando no mercado brasileiro de baterias para veículos elétricos com um investimento estratégico em mineração de lítio em Minas Gerais. A montadora chinesa, que já se prepara para iniciar a fabricação de veículos elétricos em Camaçari (BA) ainda em 2025, busca integrar verticalmente sua produção ao garantir acesso à matéria-prima essencial para as baterias.

Foto: BYD/Divulgação

Aquisição de área no 'Vale do Lítio'

A empresa garantiu, em 2023, os direitos sobre uma área de 852 hectares em Coronel Murta, no Vale do Jequitinhonha – uma região conhecida pelo seu grande potencial de exploração de lítio. A propriedade da BYD faz fronteira com áreas da mineradora Atlas Lithium, dos Estados Unidos, que também realiza pesquisas na localidade.

A área adquirida está situada a cerca de 800 km da futura fábrica de baterias da montadora, que será instalada em Camaçari. O objetivo da BYD é reduzir a dependência de importações e consolidar sua cadeia produtiva no Brasil, aproveitando as ricas reservas nacionais do mineral.

Projeto ainda está em fase de pesquisa

Segundo documentos públicos analisados pela agência Reuters, o projeto de exploração da BYD em Minas Gerais ainda se encontra na fase de pesquisa. Em outubro de 2024, a empresa contratou a Minagem Geologia e Mineração, uma companhia brasileira especializada em pesquisa mineral, para analisar o potencial da área adquirida.

Apesar da movimentação, a BYD ainda não fez declarações oficiais sobre os planos para a região.

Brasil pode se tornar líder na produção de lítio

O potencial do Brasil na produção de lítio tem atraído investidores da China, dos Estados Unidos e da Arábia Saudita. Segundo o Ministério de Minas e Energia, o país pode se consolidar como um hub estratégico para a transição energética global.

Projeções da consultoria A&M Infra indicam que, até 2030, o Brasil pode expandir sua participação na produção mundial de lítio de 2% para 25%, impulsionado pelas reservas de lítio em rochas ígneas – que são mais fáceis de explorar do que as salinas com lítio da China e da Argentina.

O governo federal estima que os investimentos no setor podem alcançar R$ 15 bilhões nos próximos anos, fortalecendo a indústria nacional de baterias e veículos elétricos.

Estudos sobre o lítio no Brasil

A exploração do lítio no país é acompanhada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) desde 2012. O "Projeto Avaliação do Potencial do Lítio no Brasil" já analisou diversas regiões, começando pelo Distrito Pegmatítico de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha.

A pesquisa também abrangeu áreas na Paraíba e no Rio Grande do Norte, e em 2022, expandiu-se para o leste de Minas Gerais e o Ceará. Os estudos reforçam o potencial brasileiro na mineração desse elemento essencial para a produção de baterias, impulsionando o interesse de grandes empresas como a BYD.

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