Relatório da PF revela esquema contra aposentados com cobranças abusivas e adulteração de documentos no INSS
Entre 2019 e 2024, beneficiários sofreram descontos de até 180% acima do autorizado, segundo investigação da Polícia Federal
Por Plox
19/05/2025 12h41 - Atualizado há 25 dias
Entre os anos de 2019 e 2024, milhares de aposentados e pensionistas do INSS foram alvo de descontos em mensalidades que ultrapassaram em até 180% os valores que teriam sido autorizados previamente. A constatação é parte de um relatório da Polícia Federal, que aponta práticas irregulares em uma das entidades com maior número de filiações durante esse período.

De acordo com a investigação, muitos dos segurados sequer autorizaram os débitos em seus benefícios. Em outros casos, mesmo havendo autorização, os valores descontados superaram o estipulado. Um levantamento da Controladoria Geral da União (CGU) indica que, em 17 situações analisadas, os descontos chegaram a ser até 2,79 vezes mais altos. Um exemplo citado foi o de um beneficiário que permitiu a retirada de R$ 28,24 mensais, mas teve R$ 79,06 subtraídos.
O volume de descontos irregulares teve pico entre abril e julho de 2020, auge da pandemia de covid-19, quando foram registradas 73.108 novas filiações — uma média de 610 por dia. Segundo a PF, a entidade investigada liderou o aumento absoluto de descontos sobre aposentadorias nesse intervalo.
Além disso, empresários ouvidos pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, em Brasília, afirmaram que uma empresa especializada em editar documentos em PDF foi contratada para adulterar informações com o objetivo de viabilizar os descontos ilegais.
Mesmo diante das acusações e provas levantadas, a entidade investigada não aparece entre as 12 associações e sindicatos alvos da ação da Advocacia-Geral da União (AGU), que tenta bloquear bens de entidades, empresas e pessoas físicas envolvidas em prejuízos aos segurados do INSS.
Até a tarde desta segunda-feira (19), a entidade ainda não havia se pronunciado sobre as denúncias.
A movimentação intensa nas agências do INSS em Belo Horizonte ilustra a repercussão da denúncia, que expõe uma possível estrutura de fraudes com alcance nacional.