Eurípedes Júnior, Presidente licenciado do Solidariedade é transferido para presídio em Brasília

Presidente licenciado do Solidariedade é acusado de liderar esquema de desvio de verbas partidárias e eleitorais

Por Plox

19/06/2024 15h16 - Atualizado há 6 meses

O presidente licenciado do Solidariedade, Eurípedes Gomes Júnior, foi transferido na noite de terça-feira (18) para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Ele se entregou à Polícia Federal no último sábado (15) e estava detido na superintendência do órgão na capital federal.

Eurípedes é apontado como líder de uma organização criminosa responsável pelo desvio de recursos dos fundos partidário e eleitoral nas eleições de 2022. O dirigente, que já esteve na lista de difusão vermelha da Interpol, foi considerado foragido após não ser encontrado em casa durante a operação e não comparecer ao aeroporto de Brasília para uma viagem marcada.

Além dele, outros seis ex-integrantes do Partido Republicano da Ordem Social (Pros) são acusados de crimes como lavagem de dinheiro, furto qualificado e apropriação indébita. Fundado em 2013, o Pros se fundiu ao Solidariedade em 2023.

Em nota, a defesa de Eurípedes afirmou que ele "demonstrará perante a Justiça a insubsistência dos motivos que propiciaram a sua prisão preventiva, bem como sua total inocência".

A Polícia Federal alega que Eurípedes utilizou candidaturas "laranjas" e superfaturou serviços de consultoria jurídica para desviar recursos destinados à Fundação de Ordem Social (FOS), ligada ao partido. Ele teria comprado um helicóptero particular com dinheiro do fundo eleitoral. Adquirida em 2015 por R$ 2,4 milhões, a aeronave, hoje avaliada em R$ 5 milhões, era usada para deslocamentos entre Planaltina de Goiás e Brasília, além de ser emprestada a amigos e familiares.

O helicóptero era mantido em um galpão sem janela em Planaltina de Goiás, e a aeronave foi localizada em um hangar na zona norte de São Paulo em 2022. Junto com imóveis e outros veículos, ela faz parte das aquisições irregulares durante a gestão de Eurípedes, segundo o Ministério Público e a Polícia Federal.

Durante a disputa judicial pelo comando do Pros, o então presidente Marcus Holanda acusou Eurípedes do sumiço de bens da legenda avaliados em R$ 50 milhões, incluindo o helicóptero, que comporta quatro passageiros e tem operação negada para táxi aéreo. A aeronave foi apreendida em Goiânia, onde agentes também encontraram R$ 26 mil em espécie.

Eurípedes, que retomou a presidência do Pros por decisão judicial, não escapou das investigações. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou as contas do partido em 2017, condenando-o a devolver R$ 2,4 milhões aos cofres públicos. A apuração concluiu que Eurípedes usou verba pública para reformas em sua casa e construção de uma piscina, além de equipar a residência com uma banheira de hidromassagem e outros itens de luxo.

O Pros confirmou as compras, mas negou que fossem destinadas ao restaurante privado de uma ex-companheira do dirigente, alegando que os itens eram para uma cozinha do partido. Entre os utensílios adquiridos com dinheiro público estavam forno elétrico, pratos, facas, galhetas, maçarico de culinária e outros equipamentos, totalizando gastos de R$ 135 mil com comida e utensílios.

O Solidariedade, em nota, disse que os "fatos ocorreram antes da união do Pros com o Solidariedade" e que está "tomando pé da situação" sem uma posição definitiva sobre os acontecimentos.

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