Real se torna uma das moedas mais desvalorizadas de 2024 superando peso argentino
O real brasileiro figura entre as cinco moedas que mais perderam valor em relação ao dólar em 2024
Por Plox
19/06/2024 15h58 - Atualizado há 6 meses
A moeda brasileira superou o peso argentino e o iene japonês, subindo da 7ª para a 5ª posição no ranking de desvalorização entre 118 países. Até esta quarta-feira (19), o real acumulou uma queda de 11,4%. No pico do dia, o dólar comercial atingiu R$ 5,48, enquanto a taxa de câmbio de referência Ptax fechou a R$ 5,46.
Motivos da alta do dólar
Os principais fatores para a alta do dólar incluem a expectativa em torno da taxa de juros dos Estados Unidos, o desempenho da balança comercial brasileira e preocupações com o quadro fiscal do país. Além disso, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic também influencia o mercado.
Ranking das moedas mais desvalorizadas
O levantamento da Austin Rating mostra que a moeda nigeriana lidera as perdas, com uma desvalorização de 41,3%. Em seguida, estão as moedas do Egito e do Sudão do Sul, com quedas de 35,2% e 29,9%, respectivamente. Na outra ponta, o xelim queniano se valorizou 22,1%, seguido pelas moedas da Rússia e do Sri Lanka, que subiram 7,3% e 6,2%, respectivamente.
"Entre os países piores do que o Brasil, temos nações que enfrentam algum problema de confronto civil, como Nigéria, Egito, Sudão do Sul e Gana, o que justifica a desvalorização," explica o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
Influência da política monetária dos EUA
As mudanças na política monetária do Federal Reserve (Fed) têm impacto significativo na valorização do dólar. A expectativa de manutenção ou elevação dos juros nos EUA, devido a um mercado de trabalho aquecido e preocupações com a inflação, atrai investimentos para títulos públicos norte-americanos, considerados seguros. Isso diminui o fluxo de dólares para mercados emergentes, como o Brasil, pressionando a desvalorização do real.
Desempenho da balança comercial brasileira
A balança comercial brasileira, que atingiu um recorde de mais de US$ 98 bilhões no ano passado, também afeta a cotação do dólar. A piora recente nas exportações contribuiu para a valorização da moeda norte-americana. Quando o país importa mais do que exporta, há uma saída maior de dólares, aumentando o valor da moeda.
Quadro fiscal brasileiro
As projeções fiscais revisadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e as recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a política monetária do BC influenciaram negativamente o mercado. O anúncio de um déficit zero para 2025, em vez de um superávit de 0,5% do PIB, aumentou a percepção de risco fiscal e contribuiu para a desvalorização do real.
Lula criticou o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto, afirmando que a instituição "trabalha para prejudicar o país" ao manter altas taxas de juros.
Impacto dos conflitos internacionais
A escalada de conflitos internacionais, como o ataque do Irã contra Israel em abril, elevou as tensões globais, incentivando a fuga para investimentos seguros, como o dólar. Esse movimento reforça a valorização da moeda norte-americana e a desvalorização de moedas emergentes.