Usuários de vape tem até seis vezes mais nicotina no corpo do que usuários de cigarro comum, diz pesquisa

Consumo eleva risco de doenças cardíacas e pulmonares; regulamentação em discussão no Senado

Por Plox

19/06/2024 10h26 - Atualizado há 6 meses

Atualmente, 3% da população brasileira utiliza cigarros eletrônicos. Uma pesquisa da Vigilância Sanitária de São Paulo, em parceria com o Incor e o Laboratório de Toxicologia da FMUSP, revelou que usuários de vape têm de três a seis vezes mais nicotina no organismo do que fumantes de cigarros comuns. Elaine Cristine D’Amico e Marcelo Filonzi dos Santos apresentaram os dados baseados em 200 usuários de vapes.

Foto: reprodução/ Pixabay

A cardiologista Jaqueline Scholz, diretora do Núcleo de Tabagismo do Incor e coordenadora da pesquisa, destacou a gravidade da intoxicação: “O estudo indica que a intoxicação por nicotina em quem usa o cigarro eletrônico é tão alta quanto, ou até pior, que nos usuários de cigarro tradicional.” Jaqueline também mencionou a falta de conhecimento entre os jovens sobre os riscos de dependência e uso em locais proibidos pela Lei Antifumo.

Tipos de dispositivos e seus perigos
Existem diversos tipos de cigarros eletrônicos, conhecidos como Sistemas Eletrônicos de Administração de Nicotina (ENDS) ou Sistemas Eletrônicos sem Nicotina (ENNDS). Esses dispositivos aquecem um líquido contendo nicotina, aditivos e químicos tóxicos, formando um aerossol inalado pelos usuários. A nicotina pode causar dependência e prejudicar o desenvolvimento cerebral de jovens, dobrando as chances de se tornarem fumantes na vida adulta.

Impactos na saúde e regulamentação
O uso de cigarros eletrônicos está ligado ao aumento do risco de doenças cardíacas e pulmonares. A exposição à nicotina em grávidas pode afetar negativamente o desenvolvimento do feto. Não-fumantes também estão em risco devido à exposição a químicos nocivos, além de possíveis lesões físicas causadas por mau funcionamento dos dispositivos. Desde 2009, a Anvisa proibiu a importação, comércio e propaganda de cigarros eletrônicos no Brasil.

Debate no Senado
A votação do projeto de lei 5.008/2023, que visa regulamentar a produção e comercialização de cigarros eletrônicos, foi adiada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. O projeto, de autoria da senadora Soraya Thronicke, prevê requisitos como laudos toxicológicos e registros na Anvisa, Receita Federal e Inmetro. A senadora Damares Alves pediu o adiamento, enquanto o relator Eduardo Gomes propôs dobrar a multa para venda a menores de idade.

O presidente da CAE, senador Vanderlan Cardoso, afirmou que o projeto deve retornar à pauta em 30 dias, podendo sofrer novos adiamentos.

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