Derrotas seguidas abalam governo Lula no Congresso
Vetos presidenciais são derrubados, decreto do IOF é contestado e CPMI sobre fraudes no INSS é instalada
Por Plox
19/06/2025 22h31 - Atualizado há 2 dias
O Congresso Nacional impôs uma série de derrotas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva entre os dias 17 e 19 de junho de 2025, com três medidas de grande impacto político.

Primeiro, foi aprovado o requerimento de urgência para derrubar o decreto presidencial que elevava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Na terça-feira (17), os deputados votaram pela tramitação rápida do projeto que anula o decreto, pressionados por partidos da base, como União Brasil, PSD, MDB e Republicanos. O presidente da Câmara, Hugo Motta, comentou que o resultado seria “muito simbólico sobre o sentimento da Casa”, refletindo o descontentamento com a lentidão na liberação de emendas parlamentares.
Para conter o embate, a ministra da articulação política, Gleisi Hoffmann, antecipou a liberação de recursos e elogiou publicamente Motta nas redes sociais, buscando amenizar o desgaste e barrar um revés ainda maior ao governo.
Ainda na terça-feira foi instalada a CPMI para investigar fraudes nas aposentadorias do INSS. A operação Sem Desconto, conduzida em abril pela Polícia Federal e Controladoria-Geral da União, detectou desvios de até R$ 6 bilhões — dinheiro direcionado, ilegalmente, a entidades ligadas a sindicatos e associações entre 2019 e 2024.
A comissão será presidida pelo senador Omar Aziz, com relatoria entregue a um deputado de oposição, e os trabalhos devem iniciar em agosto.
O terceiro golpe veio com a derrubada de 12 vetos presidenciais por parte do Congresso. Entre eles está o veto que limitava pensões vitalícias a famílias de vítimas da microcefalia associada ao Zika. Também foram revertidos vetos que favoreciam energias renováveis, incluindo eólicas, etanol e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
Essas mudanças beneficiam termelétricas — mais caras e poluentes — e devem elevar a conta de energia. O líder governista Randolfe Rodrigues, do PT-AP, anunciou que o Executivo avalia editar uma medida provisória para mitigar um possível impacto de R$ 197 bilhões nas tarifas.
O saldo da semana escancarou fissuras na base aliada do Palácio do Planalto. No caso do IOF, por exemplo, 225 dos 346 votos a favor da urgência vieram de partidos com representantes no governo, como PSD, que já demonstra crescente independência, orientando sua bancada a apoiar a derrubada do decreto.
Esses acontecimentos marcaram uma das semanas mais tensas entre Executivo e Legislativo, exigindo do governo ajustes urgentes na estratégia de articulação para evitar novos confrontos.
🔍 Os próximos passos agora giram em torno da votação do mérito do IOF e do início dos trabalhos da CPMI do INSS, além da reação do Planalto em relação aos vetos derrubados.
Essa sequência de derrotas expôs, de forma clara, a fragilidade momentânea do governo Lula perante o Congresso.