Dólar dispara após declarações de Simone Tebet sobre dificuldade em alcançar déficit zero

Ministra do Planejamento admite desafio em equilibrar orçamento enquanto dólar sobe e Bolsa cai

Por Plox

19/07/2024 08h10 - Atualizado há cerca de 2 meses

O dólar registrou uma alta expressiva de 1,90% nesta quinta-feira (18/7), fechando cotado a R$ 5,588. Este aumento é atribuído às preocupações geradas por declarações da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, sobre o desafio de equilibrar as contas públicas.

Bolsa em queda

Em contrapartida, a Bolsa de Valores registrou uma queda de 1,39%, encerrando o dia aos 127.652 pontos. Praticamente todas as empresas da carteira teórica do Ibovespa operaram no vermelho.

crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Falas de Tebet geram incerteza

As declarações de Simone Tebet na manhã desta quinta-feira impactaram diretamente o mercado financeiro. A ministra afirmou que o governo, sob a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está comprometido a não gastar mais do que arrecada. Contudo, Tebet reconheceu que atingir um déficit zero no orçamento de 2025 será uma "ginástica um pouco difícil".

"É uma ginástica e é uma ginástica um pouco difícil, porque é uma conta matemática que parece ser simples, mas não é. É uma equação onde receita menos despesa tem que dar igual a zero", afirmou Tebet em entrevista ao programa "Bom dia, Ministra", no CanalGov.

Impacto das declarações de Lula

As preocupações do mercado foram exacerbadas por declarações anteriores do presidente Lula à Record, nas quais ele mencionou que não é obrigado a cumprir a meta fiscal se houver "coisas mais importantes para fazer". Embora tenha reafirmado o compromisso com o arcabouço fiscal, essas falas reacenderam dúvidas sobre o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas.

Repercussão no mercado

Os comentários de Tebet e Lula não trouxeram alívio aos investidores. Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, destacou que as falas de autoridades governamentais aumentam a aversão ao risco no mercado local devido à indefinição do cenário fiscal. A expectativa do mercado é por uma sinalização mais firme de comprometimento fiscal por parte do governo.

Efeito no mercado de ações

A incerteza fiscal contribuiu para a queda da Bolsa. Anderson Silva, especialista em mercado de capitais, explicou que o movimento do pregão foi de realização de lucros após uma alta recente. As ações da Magazine Luiza caíram 5,87% e as do Grupo Pão de Açúcar, 5,52%. A Azul, empresa com despesas em dólar, perdeu 7,87%.

Setor de frigoríficos afetado

Ações de frigoríficos também registraram quedas significativas após o Ministério da Agricultura e Pecuária identificar um foco da doença de Newcastle no Rio Grande do Sul. Marfrig perdeu 9,08%, BRF caiu 7,88%, Minerva recuou 4,49% e JBS, 2,45%.

Outros movimentos de mercado

No lado positivo, Embraer subiu 1,48% e Weg teve alta de 0,74%. A decisão do Banco Central Europeu de manter a taxa de juros inalterada em 3,75% e novos dados de auxílio-desemprego nos EUA também influenciaram o mercado.

Na quarta-feira (17/7), o dólar já havia fechado em alta de 1,03%, cotado a R$ 5,484, enquanto a Bolsa subiu 0,26%, a 129.450 pontos.

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