Alckmin diz que ação contra Bolsonaro não afeta diálogo com EUA
Vice-presidente afirma que operação judicial não influencia nas negociações comerciais com os Estados Unidos
Por Plox
19/07/2025 08h18 - Atualizado há 2 dias
Em meio a tensões causadas por uma operação judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (18) que o episódio não deve prejudicar as tratativas comerciais em curso com os Estados Unidos.

Ao deixar a sede do MDIC, após uma série de reuniões com representantes de diversos segmentos da indústria nacional, Alckmin reiterou que as investigações relacionadas a Bolsonaro são responsabilidade do Poder Judiciário. Segundo ele, o Executivo não tem ingerência nesse tipo de procedimento e, portanto, as negociações internacionais devem seguir seu curso normal.
“Cabe ao Poder Judiciário, não é atribuição do Poder Executivo”, destacou o vice-presidente, acrescentando que a semana foi marcada por intenso diálogo com o setor produtivo, incluindo a indústria, o agronegócio e, mais recentemente, o setor da mineração, que mantém forte ligação com o mercado norte-americano.
Quando novamente questionado sobre possíveis impactos da operação nas relações comerciais, Alckmin foi enfático ao afirmar que medidas judiciais ou políticas não devem interferir em decisões tarifárias.
“Porque a separação dos Poderes é base do Estado de Direito, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos”
, declarou.
Ele completou dizendo que misturar política e economia nesse contexto seria criar um precedente negativo, uma vez que tarifas são reguladas por critérios próprios e não devem ser contaminadas por disputas de outras esferas do poder.
Durante o balanço das tratativas internacionais ao longo da semana, o vice-presidente destacou que os Estados Unidos mantêm um superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos, somando mais de 400 bilhões de dólares no período. Ele também criticou a proliferação de desinformações sobre o tema, defendendo a união nacional em defesa da soberania brasileira, uma bandeira também levantada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Alckmin afirmou ainda que a elevação das tarifas, como a anunciada sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, representa uma situação de “perde-perde”, que penaliza tanto o exportador quanto o consumidor norte-americano, pois aumenta o custo dos produtos e pode pressionar a inflação nos Estados Unidos.
“Estamos dispostos a negociar”, declarou, reforçando que o Brasil está aberto ao diálogo e que essa é a missão do Executivo nacional neste cenário.
Ao ser perguntado sobre o acionamento da Organização Mundial do Comércio (OMC), ele explicou que essa etapa só ocorre mediante fato concreto, com abertura de painel e possível recurso posterior. “Mas isso não está sendo discutido agora”, explicou.
Por fim, Alckmin mencionou que o governo brasileiro ainda aguarda resposta à carta enviada na quarta-feira (16), assinada por ele e pelo chanceler Mauro Vieira, expressando indignação com a medida tarifária anunciada pelos EUA e demonstrando abertura à negociação. O documento é acompanhado de uma proposta confidencial enviada anteriormente, em maio, com sugestões de alternativas para evitar a sobretaxa.
A expectativa é que, apesar do ambiente político conturbado, o Brasil siga firme na defesa de seus interesses comerciais, preservando o diálogo e buscando evitar prejuízos ao setor produtivo nacional.