Governo Lula reage à suspensão de vistos dos ministros do STF pelos EUA

Ministros Jorge Messias e Gleisi Hoffmann classificam medida como afronta à soberania e tentativa de intimidação

Por Plox

19/07/2025 09h15 - Atualizado há 1 dia

O governo brasileiro reagiu com firmeza à decisão dos Estados Unidos de suspender os vistos de entrada de oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e seus familiares. A medida foi revelada na noite desta sexta-feira (18), pouco após a Polícia Federal aplicar medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o que gerou forte repercussão política.


Imagem Foto: Agência PT


A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou a decisão americana como uma
'afronta' à soberania do Brasil e ao próprio Judiciário nacional

. Segundo ela, a atitude dos EUA representa uma retaliação “agressiva e mesquinha” contra o STF, destacando o envolvimento de Jair Bolsonaro e de seu filho, Eduardo Bolsonaro, na articulação internacional contra autoridades brasileiras.

Gleisi afirmou que o Supremo tem demonstrado grandeza ao resistir a intimidações, e criticou o impacto diplomático da ação, ressaltando o constrangimento que ela gera para o país em âmbito global.


Já o advogado-geral da União, Jorge Messias, também se posicionou em defesa dos magistrados, declarando que a medida do governo norte-americano representa uma tentativa de “deturpação” da atuação dos ministros. Ele destacou que os alvos da sanção sempre agiram dentro dos limites legais e em defesa da democracia brasileira.



“O que se pretende é associar essas autoridades a práticas de violação de direitos e censura, o que é absolutamente falso”, escreveu Messias.
“Não haverá de intimidar o Poder Judiciário de nosso país em seu agir independente e digno”,

reforçou.

A ação foi conduzida por Marco Rubio, secretário de Estado do governo Trump, e não foi precedida de comunicação formal com o Brasil. Embora o Itamaraty ainda não tenha se manifestado oficialmente, membros do governo já articulam reações políticas e diplomáticas.


Entre os atingidos pela decisão americana estão os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Edson Fachin, Cristiano Zanin e Flávio Dino. A suspensão dos vistos também afeta seus familiares diretos.



O contexto da medida coincide com o endurecimento do discurso da gestão Trump contra instituições brasileiras, alimentando tensões diplomáticas. Internamente, o governo Lula avalia reforçar a retórica nacionalista como estratégia de defesa institucional e resposta às recentes ofensivas vindas de Washington.


A crise se soma a outros episódios recentes de embates entre Brasil e Estados Unidos, envolvendo temas como tarifas, soberania digital e acusações de censura judicial.


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