Mães podem ter predisposição genética para gerar filhos do mesmo sexo, aponta estudo

Pesquisa da Universidade Harvard analisou dados de 150 mil nascimentos e identificou padrões em famílias com três ou mais filhos

Por Plox

19/07/2025 12h44 - Atualizado há 1 dia

Uma nova pesquisa conduzida por cientistas da Escola de Saúde Pública T.H. Chan, da Universidade Harvard, traz indícios de que algumas mulheres podem ter uma predisposição natural a gerar filhos do mesmo sexo, seja apenas meninos ou apenas meninas.


Imagem Foto: Pixabay


Publicado na revista científica Science Advances nesta sexta-feira (18), o estudo analisou uma base de dados impressionante: quase 150 mil nascimentos de 58 mil mães, em um intervalo de tempo que vai de 1956 a 2015. Os dados foram extraídos de dois estudos longitudinais com enfermeiras dos Estados Unidos, acompanhadas ao longo de décadas.



A equipe liderada pelos pesquisadores Siwen Chang e Jorge Chavarro detectou um padrão curioso. Em mulheres com até dois filhos, a distribuição do sexo das crianças parecia seguir o acaso, como um jogo de cara ou coroa. No entanto, entre aquelas que tiveram três ou mais filhos, surgia um comportamento diferente: havia maior chance de nascer uma criança do mesmo sexo dos irmãos anteriores. Por exemplo, entre mães com três meninos, a probabilidade de o quarto filho também ser menino era de 61%. Quando havia três meninas, a chance de o quarto bebê ser menina subia para 58%.



A análise também identificou a presença de SNPs – polimorfismos de nucleotídeo único – que estariam associados à maior chance de gerar meninos ou meninas. São pequenas variações no DNA, e embora os dados apontem para uma ligação, ainda não se pode afirmar que há relação direta de causa e efeito. Outro aspecto relevante observado foi a idade das mães. Mulheres que começaram a ter filhos mais tarde, por volta dos 30 anos, apresentaram alterações fisiológicas, como mudanças na acidez vaginal, que podem interferir na viabilidade dos espermatozoides do tipo X ou Y.



Até então, acreditava-se que a determinação do sexo do bebê seguia uma lógica de 50% para cada lado, sem influência de gestações anteriores. O novo estudo, porém, levanta a hipótese de que fatores maternos, como ciclo menstrual, características do muco cervical e genética individual, podem ter papel mais ativo nesse processo. A origem majoritariamente europeia das participantes (95% das enfermeiras analisadas) também levanta a possibilidade de que diferenças genéticas regionais possam alterar esse padrão em outras populações.



A pesquisa reforça a complexidade por trás da definição do sexo dos bebês e abre espaço para novos estudos que possam aprofundar a compreensão sobre como o organismo materno pode influenciar esse resultado.


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