Protesto toma conta da 25 de Março após Trump anunciar investigação por pirataria

Mais de 100 comerciantes ocuparam rua no Centro de São Paulo após decisão dos EUA de investigar venda de produtos falsificados na região

Por Plox

19/07/2025 14h56 - Atualizado há 1 dia

A manhã desta sexta-feira (18) foi marcada por uma manifestação de comerciantes na região central de São Paulo. Aproximadamente 120 pessoas se reuniram em um trecho da Rua Carlos de Sousa Nazaré, próximo à famosa Rua 25 de Março, para protestar contra a investigação anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a venda de produtos falsificados na área.


Imagem Foto: Reprodução


Durante o protesto, diversos manifestantes utilizaram máscaras com o rosto de Trump em tom de crítica à iniciativa americana. A ação teve início após o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) informar, na última terça-feira (15), a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil, com foco no combate à pirataria e à proteção dos direitos de propriedade intelectual.


O documento divulgado pelo governo dos EUA afirma que a 25 de Março é um dos principais centros mundiais de comércio de produtos falsificados, e que o Brasil apresenta falhas persistentes em conter esse tipo de prática, apesar de operações policiais recorrentes.



As reações entre os comerciantes foram diversas. Cidélia, técnica em enfermagem, criticou a decisão afirmando que “ele não tem nem por que palpitar”. Kethelen Souza, vendedora, também discordou: “Ele tá comparando um negócio do Brasil com Estados Unidos, não tem lógica”. Fernando, outro vendedor, declarou: “Quem tem direito é o governo brasileiro, de fazer qualquer coisa na 25”.


Josiel, eletricista, reforçou: “Cada país tem o seu governo e suas leis”. Já Vitória, empresária, afirmou que a maioria dos produtos comercializados são de fabricação chinesa, mas com marcas próprias. “Acredito que existe sim, uma parte da região que vende paralelos, mas nossos produtos são legítimos”, disse.


Sérgio Luís Daril, vendedor, analisou o contexto: “O maior problema americano é a evolução da China, principal parceira comercial do Brasil”. Josiel Vieira, também eletricista, comparou Trump a alguém que usa tarifas como arma política: “O país que ele não gosta, ele taxa”.



Segundo o relatório do USTR, além da 25 de Março, outros pontos de São Paulo já foram citados como polos de pirataria, como o Centro Histórico, Santa Ifigênia, Brás e galerias como a Page Centro, Santa Ifigênia, Shopping Tupan, Shopping Korai, Feira da Madrugada e Nova Feira da Madrugada.


O texto também menciona que a venda de produtos falsificados inclui eletrônicos, videogames modificados e dispositivos de streaming ilícitos. Além disso, destaca que o Brasil falha em aplicar penalidades e sanções eficazes para coibir essas práticas a longo prazo.


A Associação Representativa do Comércio da Região da 25 de Março (Univinco25) se posicionou afirmando que representa mais de 3 mil estabelecimentos formais, com produtos importados principalmente da China, e sem vínculo com os EUA. A entidade reconhece a existência de pontos isolados de irregularidade, mas defende que esses casos são fiscalizados e combatidos pelas autoridades.



O documento dos EUA amplia ainda mais a investigação, mencionando preocupações com o comércio digital, serviços de pagamento eletrônico, tarifas comerciais, medidas anticorrupção e até a fiscalização ambiental. Entre as alegações, estão práticas que supostamente prejudicariam empresas americanas, como o tratamento tarifário preferencial a parceiros estratégicos, e a imposição de restrições a companhias estrangeiras.


A carta que acompanhou o anúncio da nova tarifa de 50% sobre exportações brasileiras também faz referência ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Trump, as novas sanções visam responder a um conjunto de práticas comerciais e institucionais brasileiras que, na visão do governo americano, violam princípios de comércio justo.


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