Sanções dos EUA a Moraes podem reforçar imagem do STF no Brasil

As sanções anunciadas pelos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), podem acabar tendo um efeito diferente do que se esperava, segundo avalia o advogado criminalista Paulo Crosara, especialista em Ciências Penais. Para ele, essas medidas podem servir como um catalisador para a união das instituições brasileiras em defesa da Corte.

Na última semana, o governo norte-americano impôs restrições de entrada a Moraes em seu território, medida que causou reação imediata entre líderes políticos e operadores do Direito. Crosara considera que atitudes como essa, vindas de uma autoridade estrangeira e polêmica, como o presidente dos Estados Unidos, acabam por fortalecer a imagem do STF perante a população e o meio político. $&&$“Nada une mais do que um ataque”$, avaliou o advogado.

O especialista também observa que, mesmo diante de tensões históricas entre os poderes Legislativo e Judiciário, a atual conjuntura mostra sinais de uma postura mais cautelosa por parte do Congresso Nacional. “Você vê até o Congresso, a oposição querendo chamar o Congresso e os líderes do Congresso falam: ‘Não, a gente está de recesso, nós não vamos tomar medida nenhuma’”, relata Crosara, destacando que essa reticência é mais uma evidência do fortalecimento do STF diante da ofensiva internacional.

Sobre os desdobramentos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o advogado analisa que o futuro judicial do ex-mandatário dependerá dos próximos movimentos de seus aliados. Ele menciona especialmente as recentes manifestações do deputado Eduardo Bolsonaro, que tem se posicionado com veemência em apoio aos EUA. “Se continuar essa toada de novas declarações, dobrando a aposta nos Estados Unidos, acredito que possa ocorrer [prisão], porque medidas cautelares são pensadas em escalonamento”, explicou Crosara. Ele lembrou que essas sanções começam com restrições como proibição de contato e uso de tornozeleira, e que a prisão preventiva seria a etapa seguinte caso haja insistência em interferências externas.

As medidas contra Moraes também incluíram a revogação de vistos de seus familiares e de aliados próximos, ampliando a tensão diplomática entre os dois países. A decisão gerou críticas severas dentro do Brasil, incluindo a manifestação de líderes partidários que classificaram o ato como “inaceitável”. Ao mesmo tempo, figuras políticas alinhadas à oposição, como Eduardo Bolsonaro, reagiram de forma provocativa, sugerindo que novas ações semelhantes ainda podem acontecer.