Surpresa no Triângulo: pirarucu de 130 kg é pescado em rio mineiro
Peixe amazônico gigante é capturado no Rio Paranaíba por pescador de Ipiaçu e levanta alerta sobre ameaça à fauna local
Por Plox
19/07/2025 12h10 - Atualizado há 3 dias
A pesca de um imenso pirarucu, com 2,42 metros de comprimento e aproximadamente 130 quilos, movimentou a cidade de Ipiaçu, no Triângulo Mineiro, e trouxe à tona uma questão ambiental delicada. O peixe foi capturado na madrugada de sexta-feira (18) no Rio Paranaíba pelo pescador Wilson Carioca, de 48 anos, que compartilhou uma imagem ao lado do animal nas redes sociais, gerando grande repercussão.

Wilson contou que, embora esteja acostumado à rotina de pesca, jamais esperava encontrar um peixe de tais proporções preso ao espinhel — equipamento passivo que utiliza iscas para atrair os peixes aos anzóis. Ele revelou que foram necessárias cerca de duas horas para conseguir colocar o animal dentro da canoa, tarefa que enfrentou sozinho. “Era só eu e Deus”, declarou.
Após a captura, o pescador decidiu vender o peixe a R$ 50 o quilo. Até agora, a família arrecadou cerca de R$ 1.500 e espera lucrar até R$ 5 mil com toda a venda da carne, que atraiu moradores de toda a cidade curiosos para experimentar o sabor incomum na região.
Apesar da euforia local, a presença do pirarucu — espécie típica da Amazônia — em águas mineiras causou preocupação entre especialistas e pescadores. Segundo Carioca, o peixe é extremamente predador, capaz de comprometer outras espécies locais.
Para o biólogo Kléber Del Claro, pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a aparição do animal pode indicar a introdução indevida da espécie no ecossistema da região. Ele explica que o pirarucu, ao ocupar o nicho ecológico de outras espécies, pode provocar um fenômeno conhecido como exclusão competitiva, reduzindo a biodiversidade do rio.
Del Claro alertou para a necessidade de uma investigação imediata no Rio Paranaíba, com busca por outros exemplares e eventual transporte dos animais encontrados de volta à Amazônia, seu habitat natural e onde já se encontra ameaçado de extinção. Segundo ele, o peixe capturado possivelmente tinha cerca de oito anos, já que a espécie atinge a fase adulta por volta dos cinco anos.
Mesmo diante das advertências, Carioca mantém o otimismo e torce para que novos pirarucus apareçam. “O pessoal quer experimentar e guardar essa lembrança. Pode ser que daqui a 50 anos alguém conte que comeu o primeiro pirarucu pescado aqui”, disse. A esposa do pescador, Edina Cândida, resumiu o clima em Ipiaçu: “É só o primeiro dos muitos que virão. Aqui foi só alegria”.
Enquanto autoridades ambientais estudam as medidas a serem tomadas, a captura segue sendo celebrada por muitos na região, embora o episódio represente mais do que um feito inusitado — trata-se de um alerta ambiental que ainda pode gerar impactos maiores nos rios do Triângulo Mineiro.