Preso não é solto após alvará e morre três dias depois em cela
Homem deveria ter sido libertado na sexta-feira por ordem judicial, mas continuou preso até ser encontrado morto no presídio de Ribeirão das Neves
Por Plox
19/08/2025 14h12 - Atualizado há 5 dias
Um detento foi encontrado morto na manhã de segunda-feira (18), dentro de uma cela no Presídio Regional Inspetor José Martinho Drummond, localizado em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Identificado como Lúcio Flávio Valadares Soares, de 37 anos, o homem havia recebido um alvará de soltura na sexta-feira (15), mas continuava encarcerado até o momento de sua morte. De acordo com informações iniciais, a principal hipótese investigada é de suicídio. O óbito foi confirmado por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
A decisão de libertação foi proferida pela juíza Fernanda Chaves Carreira Machado. Conforme documentos obtidos, o pedido de liberdade provisória foi feito pela defesa de Lúcio e pelo Ministério Público. Ainda segundo os autos, no dia 13 de agosto, o preso teve um surto dentro da cela, quebrando partes do banheiro, incluindo a porta, o marco de ferro e o vaso sanitário.
Um companheiro de cela relatou que Lúcio estaria em um “surto psicótico”. O próprio detento afirmou, durante qualificação, que fazia uso de medicamentos controlados, mas estava há dias sem receber a medicação necessária, fato que ele atribuiu à negligência da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Na análise da juíza, ficou evidente que a manutenção da prisão preventiva era desnecessária, uma vez que o detento já cumpria pena anterior. A magistrada destacou ainda que a nova conduta parecia ter origem em uma crise de saúde mental, agravada pela falta de tratamento adequado.
“A prisão preventiva é medida de extrema exceção e, no presente caso, carece de razoabilidade e efetividade prática”, escreveu a juíza. Diante disso, foi concedida liberdade provisória, com medidas cautelares como comparecimento aos atos do processo, proibição de cometer novos delitos e atualização de endereço e telefone.
Apesar da ordem judicial, Lúcio permaneceu no presídio por mais três dias até ser encontrado morto, o que levanta questionamentos sobre a execução da decisão judicial e possíveis falhas na assistência à saúde dentro do sistema prisional.