CPI das Pirâmides investiga a viabilidade dos preços da 123milhas

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras na Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública com as principais companhias aéreas do Brasil nesta terça-feira (19). O principal objetivo do encontro foi debater a política de preços no setor aéreo. Esta iniciativa surge em meio ao tumultuado cenário da 123milhas, uma empresa de turismo que solicitou recuperação judicial após o cancelamento de pacotes de viagens adquiridos por seus clientes.

Preocupações sobre a viabilidade econômica

O deputado Caio Vianna (PSD-RJ), que propôs o convite aos representantes das companhias aéreas Gol, Latam e Azul, expressou sua preocupação sobre a viabilidade econômica das ofertas da 123milhas. Ele mencionou: "Queremos entender se os preços oferecidos pela 123milhas eram sequer possíveis, mesmo considerando o uso de tecnologias avançadas de busca". Vianna acredita que, ao esclarecer o caso, haverá benefícios para o setor de aviação como um todo.

O comércio de milhas e seus desafios

Outro ponto destacado foi a emissão de passagens usando vouchers promocionais da 123milhas. Vianna explicou que muitos consumidores encontraram dificuldades ao tentar emitir passagens aéreas e hospedagens em hotéis. Em relação ao mercado de milhas aéreas, o deputado ressaltou a importância de entender mais sobre o assunto, especialmente após e-mails da Hotmilhas – parte do grupo 123milhas – serem revelados. Nestes e-mails, a empresa solicitava que os vendedores de milhas não informassem às companhias aéreas sobre as negociações.

Indícios de pirâmide financeira

Recentemente, em uma entrevista ao JR Entrevista, Wadih Damous, secretário nacional do Consumidor, apontou indícios de um esquema de pirâmide financeira no modelo de negócios da 123milhas. Ele observou que a empresa "tem traços, como pagar obrigações vencidas com créditos novos", mas ainda aguarda mais informações para se pronunciar definitivamente.

Retrospectiva da crise da 123milhas

A situação complicada da 123milhas foi agravada quando a Justiça de Minas Gerais determinou o bloqueio de bens e valores dos seus sócios, bem como da empresa associada Novum Investimentos, totalizando até R$ 50 milhões. Esta decisão veio após um pedido do Ministério Público de Minas Gerais com o objetivo de garantir a devolução dos recursos investidos pelos consumidores afetados.

A 123milhas ainda comunicou que os vouchers fornecidos aos clientes cujas viagens foram canceladas só serão válidos após a conclusão do processo de recuperação judicial. A empresa também foi proibida de realizar qualquer pagamento relacionado a transações feitas até o final de agosto, quando solicitou formalmente a recuperação judicial.