Deolane é acusada de movimentar milhões com a Apae em esquema de jogo do bicho
Investigação aponta relação entre a influenciadora e a entidade beneficente em operações suspeitas envolvendo jogos de azar.
Por Plox
19/09/2024 08h24 - Atualizado há 4 meses
A influenciadora digital e advogada Deolane Bezerra, de 36 anos, está sob investigação da Polícia Civil de Pernambuco por suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro proveniente de jogos de azar e do jogo do bicho. Ela teria utilizado suas redes sociais para promover sorteios e rifas, em parceria com a Edscap, uma empresa investigada no mesmo processo.
Lavagem de dinheiro e títulos de capitalização
A Edscap, que pertence a Darwin Henrique da Silva, comercializava títulos de capitalização na modalidade "filantropia premiável", onde os pagamentos feitos pelos compradores eram direcionados à Apae Brasil (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). No entanto, a polícia acredita que a empresa servia para lavar dinheiro do jogo do bicho e apostas ilegais. Darwin, também dono da Esportes da Sorte, foi preso no início de setembro após se entregar às autoridades.
Rifas milionárias e prêmios de luxo
Deolane, com uma vasta audiência nas redes sociais, organizava rifas em que oferecia prêmios como carros de luxo e dinheiro em espécie. Dentre os prêmios estavam um Porsche 911 Carrera S Cabriolet avaliado em R$ 1 milhão, além de outros veículos de luxo e viagens internacionais. A polícia descobriu que esses sorteios eram realizados por meio da Edscap, e que os valores arrecadados eram direcionados à Apae Brasil, que posteriormente enviava parte das quantias à empresa Bezerra Publicidade, de propriedade da influenciadora.
Transações milionárias e investigação do Coaf
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou transações suspeitas entre a Apae e a empresa de Deolane. Um relatório revelou um crédito de quase R$ 3 milhões na conta de Bezerra Publicidade entre janeiro e março de 2024, supostamente justificadas como pagamento por serviços de publicidade prestados pela influenciadora para a Apae.
A Edscap divulgou, em suas redes sociais, oito sorteios realizados por Deolane, que juntos somaram R$ 880 mil em prêmios, incluindo viagens, carros e motocicletas. A polícia, no entanto, não encontrou menções a esses sorteios nos perfis da influenciadora ou da Apae, o que levantou suspeitas adicionais.
Contradições e questionamentos do Imposto de Renda
Quando questionada pelo Coaf sobre a origem dos prêmios sorteados, Deolane afirmou que não era proprietária dos itens, alegando que havia apenas feito publicidade. No entanto, o registro de um dos carros sorteados, um Land Rover Discovery, contradizia essa versão, já que o veículo constava na declaração de Imposto de Renda da influenciadora referente ao ano de 2022.
Outro ponto questionado foi a justificativa dos créditos da Apae. Deolane apresentou 11 notas fiscais, das quais oito estavam canceladas. Posteriormente, ela forneceu outras cinco notas, totalizando R$ 2,275 milhões, que supostamente se referiam a serviços de gravação de conteúdo audiovisual. Apesar disso, a influenciadora se recusou a entregar os contratos de publicidade que sustentariam sua defesa.