TCU alerta para risco de gestão Lula não cumprir meta fiscal em 2024

Tribunal destaca baixa arrecadação no Carf como fator de preocupação para as contas do governo

Por Plox

19/09/2024 08h13 - Atualizado há 4 meses

O Tribunal de Contas da União (TCU) emitiu um alerta ao Ministério da Fazenda nesta quarta-feira (18), apontando o risco de o governo Lula não conseguir cumprir a meta fiscal em 2024. O motivo é a baixa arrecadação obtida através do "voto de qualidade" no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão que desempata decisões fiscais a favor da União.

Fernando Haddad e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Ricardo Stuckert/PR

arrecadação no Carf preocupa técnicos do TCU

Segundo dados do TCU, de janeiro a agosto de 2024, a arrecadação com o voto de qualidade no Carf atingiu apenas R$ 83,35 milhões, um número que representa apenas 0,22% da previsão feita pelo governo em julho, que esperava arrecadar R$ 37,71 bilhões. A previsão inicial no Orçamento de 2024 era ainda maior, de R$ 54,71 bilhões. Com isso, o TCU alerta que qualquer frustração nas receitas pode comprometer o cumprimento da meta fiscal.

meta fiscal em risco

O TCU reforça que o governo tem como objetivo o limite inferior da meta fiscal, que permite um déficit de até R$ 28,8 bilhões, mas não o centro da meta, que seria o déficit zero. Segundo o voto do ministro Jhonatan de Jesus, esse cenário gera um risco considerável de frustração das metas estabelecidas.

O ministro destacou a incerteza sobre a meta ao afirmar: "Constato que a probabilidade de frustração de receita dessa envergadura possui potencial de comprometer as metas estabelecidas, mais ainda pelo fato de o Executivo vir trabalhando no limite inferior da meta."

medidas de compensação do governo

Apesar do alerta, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, já havia antecipado na semana anterior sua intenção de rever as metas e buscar soluções para compensar a baixa arrecadação. Haddad ressaltou que, com medidas como a extinção da desoneração da folha de pagamentos e reformas estruturantes, o governo poderia gerar de R$ 15 bilhões a R$ 28 bilhões em 2024. Além disso, o governo espera obter R$ 10 bilhões em dividendos extraordinários do BNDES neste ano.

Ainda assim, a área técnica do TCU avaliou como incertas as premissas adotadas pelo governo, alertando que, caso o número de acordos fechados no Carf seja inferior a 75%, a perda pode alcançar R$ 5,7 bilhões.

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