Celso Sabino decide se deixa o Ministério do Turismo após pressão do União Brasil

A permanência de Celso Sabino no Ministério do Turismo será definida nesta sexta-feira (19), quando expira o prazo de 24 horas estipulado pelo União Brasil para que todos os seus filiados deixem seus postos no governo federal. A decisão da Executiva Nacional da legenda atinge diretamente Sabino, o único representante do partido com cargo de primeiro escalão na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Foto: Alessandra Serrão/MTur 

Fontes próximas ao ministro indicam que ele deve se encontrar com Lula no Palácio da Alvorada ainda hoje para comunicar pessoalmente sua decisão. A possível saída de Sabino antecipa um movimento que antes era esperado apenas para outubro.

A pressão do partido sobre seus membros ganhou força depois que reportagens publicadas pelos portais UOL e ICL associaram o presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A facção criminosa é alvo de uma investigação conduzida pela Polícia Federal que apura crimes nos setores de combustíveis e no mercado financeiro.

Segundo essas publicações, uma testemunha relatou à PF que Rueda seria proprietário de aeronaves utilizadas pela organização criminosa. O dirigente partidário refutou as acusações, afirmando ser inocente, e se colocou à disposição das autoridades, inclusive liberando seus sigilos bancário e fiscal para o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Diante do escândalo, o União Brasil divulgou uma nota oficial na quinta-feira (18), afirmando que o governo federal estaria se valendo da estrutura do Estado para interferir nas investigações com o objetivo de enfraquecer a imagem de Rueda, que é crítico da atual administração petista.

"Tal 'coincidência' reforça a percepção de uso político da estrutura estatal visando desgastar a imagem da nossa principal liderança e, por consequência, enfraquecer a independência de um partido que adotou posição contrária ao atual governo", afirmou o comunicado do União Brasil.

Além das repercussões imediatas no cenário político, a eventual saída de Celso Sabino do cargo pode ter impactos significativos nas eleições de 2026. Deputado federal licenciado pelo Pará, o ministro comanda uma pasta estratégica para seu estado, especialmente em um momento em que Belém se prepara para sediar a COP 30, a Conferência do Clima das Nações Unidas, marcada para novembro. A condução das ações ligadas ao evento poderia fortalecer seu nome como candidato ao Senado no próximo pleito.

A decisão de Sabino, portanto, não diz respeito apenas ao presente, mas pode redesenhar o tabuleiro eleitoral do futuro próximo, tanto no Pará quanto em nível nacional.