Justiça ordena que viúvo de Walewska desocupe apartamento por locação sem autorização

A Justiça de São Paulo decidiu que Ricardo Alexandre Mendes, viúvo da jogadora de vôlei Walewska Oliveira, falecida em setembro de 2023, deve deixar o apartamento que ocupava com a atleta. O imóvel, localizado no condomínio de alto padrão Ciragan Home, na região central da cidade, foi alugado de forma irregular, segundo determinação do juiz Gustavo Henrique Bretas Marzagão, da 35ª Vara Cível.

A empresa W.M. Serviços Esportivos Ltda, da qual Walewska era sócia, moveu a ação alegando que Ricardo alugou o imóvel sem a devida permissão, e solicitou uma indenização de R$ 209.076,90. Conforme os autos, o contrato de locação foi firmado entre julho de 2023 e julho de 2024, com um valor mensal de aproximadamente R$ 16 mil, totalizando R$ 187.138,00. Ricardo justificou o aluguel para quitar dívidas do casal e afirmou que a mãe de Walewska, Maria Aparecida, apesar de sócia na empresa, não participava das decisões.

A defesa do viúvo argumentou que a locação foi feita com o consentimento da jogadora, mas o pedido foi rejeitado, pois o imóvel pertence à empresa e não a ele. Segundo o juiz, questões internas da sociedade empresarial não afetam o direito de requerer a desocupação.

Disputas envolvendo a herança

Esse conflito sobre o imóvel é parte de um impasse maior entre Ricardo e a família de Walewska, que inclui uma queixa-crime por extorsão e intimidação apresentada pelos pais da atleta em maio de 2024. O caso foi registrado em São Paulo e encaminhado para Minas Gerais, onde os pais residem. Em abril, os genitores receberam uma notificação extrajudicial exigindo o pagamento de aluguel referente a um apartamento em Belo Horizonte, que Ricardo incluiu no inventário.

A família afirma que o viúvo se apropriou do patrimônio da campeã olímpica, estimado em R$ 43 milhões, distribuído entre 23 imóveis. O advogado da família também questionou a alegação de dificuldades financeiras de Ricardo, que recentemente viajou para a Europa e compartilhou fotos nas redes sociais.

Processo de inventário e acusações

Após a morte de Walewska, Ricardo assumiu o papel de inventariante, já que a atleta não deixou testamento. A família contesta sua legitimidade para administrar a herança, argumentando que ele prejudicou a imagem da jogadora ao comentar publicamente sobre suas dificuldades financeiras e problemas conjugais. O casamento, de 20 anos, era em regime de comunhão parcial de bens, o que significa que o patrimônio adquirido após o casamento seria partilhado.

Trajetória de walewska

Walewska faleceu em 21 de setembro de 2023 após cair do 17º andar do apartamento onde vivia. Ela começou sua carreira no vôlei profissional em 1995 e conquistou medalhas pela seleção brasileira, incluindo ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1999 e bronze nas Olimpíadas de Sydney em 2000. A jogadora também fez parte do time que ficou em quarto lugar nos Jogos de Atenas em 2004.