Militares planejaram usar armas de guerra e envenenar Moraes e Lula
Investigação revela detalhes de um plano golpista elaborado por militares e um policial federal para eliminar lideranças brasileiras em 2022.
Por Plox
19/11/2024 19h09 - Atualizado há 1 dia
A Polícia Federal revelou, na manhã desta terça-feira (19), durante a Operação Contragolpe, a prisão de quatro militares do Exército e um policial federal envolvidos em um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o relatório, os ataques incluiriam armamentos de guerra e envenenamento e tinham como objetivo desestabilizar a democracia no Brasil. Veja a repercussão na Live.
Os investigados planejavam a execução dos alvos usando armas de alto poder destrutivo e substâncias químicas para provocar colapso orgânico, considerando a vulnerabilidade de saúde de Lula. O relatório menciona que esses atos foram pensados como parte de uma operação clandestina chamada “Copa 2022”, ligada a forças leais ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo a PF, o documento, denominado de “Planejamento – Punhal Verde e Amarelo” indica um “verdadeiro planejamento com características terroristas, no qual constam descritos todos os dados necessários para a execução de uma operação de alto risco”.
Conexões com o Palácio do Planalto e Bolsonaro
A investigação aponta que documentos detalhando os ataques foram impressos no Palácio do Planalto em novembro de 2022. Segundo a PF, essas impressões ocorreram com o envolvimento do general Mário Fernandes, ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, e foram transportadas para o Palácio da Alvorada, residência oficial de Bolsonaro.
Além disso, o policial federal preso, que atuava na segurança de Lula durante o período de transição, teria vazado informações confidenciais para aliados de Bolsonaro.
Armamento de guerra detalhado no plano
O relatório especifica os equipamentos planejados para os ataques, avaliados em R$ 100 mil:
Metralhadora M249: arma leve e eficaz para suporte de fogo em combates.
Lança-granada 40mm: ideal para munições de fragmentação e suporte indireto.
Lança-rojão AT4: utilizado contra veículos blindados e estruturas fortificadas.
Esses armamentos seriam operados por seis pessoas em Brasília, com o objetivo de eliminar os alvos e criar um impacto devastador.
Risco de danos colaterais e monitoramento de Alexandre de Moraes
O grupo também planejou a execução de Alexandre de Moraes, que seria atacado com explosivos e veneno durante um evento oficial em dezembro de 2022. Investigações indicam que a rotina do ministro foi monitorada entre 21 e 24 de novembro daquele ano.
O relatório destaca que, para os conspiradores, as mortes de toda a equipe de segurança de Moraes e até mesmo de membros do próprio grupo eram consideradas “danos colaterais aceitáveis” para cumprir a missão.
Delação e reviravolta: papel de Mauro Cid
Entre os investigados está o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Ele firmou um acordo de delação premiada, que revelou detalhes sobre os atos golpistas. No entanto, novas informações recuperadas de dispositivos eletrônicos sugerem que dados foram omitidos, levando a uma revisão do acordo.
O documento aponta ainda que, além dos planos de assassinato, duas minutas foram impressas no Planalto para a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, que seria liderado por militares de alto escalão do governo Bolsonaro.
Resposta das autoridades e repercussão
Em nota, o PSDB negou qualquer ligação com a chapa vencedora ou as práticas criminosas associadas ao plano, reafirmando sua oposição ao governo atual.
Autoridades e especialistas classificaram o planejamento como “estarrecedor”. Segundo o relatório, o objetivo dos conspiradores era criar uma crise institucional que favorecesse a tutela de Geraldo Alckmin, dada sua ligação histórica com o PSDB.
A operação segue em andamento, com a Polícia Federal pedindo mais 60 dias para concluir as investigações. O caso reforça as tensões em torno da tentativa de golpe de Estado no Brasil e levanta novas questões sobre a segurança democrática no país.
Nota oficial do Exército
O Centro de Comunicação Social do Exército informa que, na operação realizada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, 19 de novembro de 2024, foram presos o General de Brigada Mário Fernandes, da Reserva, e os Tenentes-Coronéis Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Rafael Martins de Oliveira. Os militares da ativa não estavam participando da Operação de GLO na Cúpula do G20.
O General Mário Fernandes e o Tenente-Coronel Hélio Ferreira Lima encontravam-se no Rio de Janeiro para participar de cerimônias de conclusão de cursos de familiares e amigos. O Tenente-Coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo deslocou-se para a guarnição, a serviço, para participar de outras atividades e não fez parte do efetivo empregado na operação de GLO. O Tenente-Coronel Rafael Martins de Oliveira já se encontrava afastado do serviço por medidas cautelares determinadas pela Justiça.
Este Centro informa, ainda, que a Força não se manifesta sobre processos em curso, conduzidos por outros órgãos, procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República.