Recompensa de R$ 50 mil busca suspeito ligado à morte de delator do PCC em Guarulhos
Investigação aponta informante que facilitou execução no aeroporto; suspeito segue foragido
Por Plox
19/11/2024 18h26 - Atualizado há 1 dia
Uma força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) anunciou nesta terça-feira (19) uma recompensa de R$ 50 mil para quem fornecer informações que levem à captura de Kauê do Amaral Coelho. Ele é apontado como o informante responsável por sinalizar os atiradores no caso da execução de Vinicius Gritzbach, empresário e delator do PCC, morto com dez tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no último dia 8.
Suspeito foragido e ligação com facção
Kauê do Amaral Coelho, que teria vínculos diretos com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), está foragido. Durante operação realizada pela manhã, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços relacionados ao suspeito, mas ele não foi localizado. Segundo o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, Kauê foi identificado por imagens de câmeras de segurança que mostram o momento exato em que ele aponta para Vinicius no saguão do aeroporto, sinalizando aos atiradores que aguardavam na área externa.
As gravações ainda indicam que o suspeito estava no local cerca de uma hora antes da chegada do empresário. Kauê, com histórico criminal que inclui prisão por tráfico de drogas em 2022 e desacato a um agente de trânsito, teria declarado em uma ocasião que era membro do PCC, conforme consta em boletim de ocorrência.
Execução no aeroporto
No dia do crime, Vinicius Gritzbach voltava de uma viagem a Maceió. Segundo familiares, ele teria ido à capital alagoana para cobrar uma dívida e transportava consigo mais de R$ 1 milhão em joias e outros bens de alto valor. O empresário foi morto por dez disparos no estacionamento do aeroporto. Na ação, um motorista de aplicativo também morreu e outras três pessoas ficaram feridas.
As investigações buscam identificar não apenas os atiradores, mas também o mandante e os motivos do assassinato. Entre as hipóteses, estão o envolvimento de membros do PCC, policiais civis e militares, um agente penitenciário ou até mesmo devedores do empresário.
Histórico de delação e possíveis mandantes
Vinicius Gritzbach havia firmado um acordo de delação premiada com o Ministério Público em abril, revelando esquemas de lavagem de dinheiro praticados pelo PCC e denunciando agentes da Polícia Civil, da Polícia Militar e da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) por corrupção. Em troca, teria redução de pena em processos que enfrentava por lavagem de dinheiro e homicídio.
Entre as acusações feitas por Vinicius está a de que agentes de segurança exigiram R$ 40 milhões para cessar investigações contra ele. Também foi revelado, em um áudio da delação, que um advogado ligado ao PCC teria oferecido R$ 3 milhões a um policial civil para executar o empresário.
Além disso, um homem que devia R$ 6 milhões a Vinicius, dívida paga em joias na viagem a Alagoas, também é investigado como possível mandante.
Investigação interna e afastamento de policiais
A força-tarefa apura a participação de pelo menos 13 agentes de segurança pública no crime, incluindo policiais civis e militares. Dentre eles, oito PMs foram afastados de suas funções, mas o total de policiais civis investigados não foi divulgado.
Com base na análise de provas, os investigadores acreditam que cada suspeito tinha razões próprias para eliminar Vinicius, seja por vingança, encobrimento de crimes ou interesses financeiros ligados às denúncias feitas pelo empresário.
O caso segue sem conclusão definitiva, com o paradeiro de Kauê do Amaral Coelho ainda desconhecido. A SSP não descarta a possibilidade de o suspeito ter fugido para o Rio de Janeiro.