Vaticano aprova bênçãos a casais do mesmo sexo em decisão histórica

A medida, chancelada pelo Papa Francisco, mantém veto ao matrimônio homossexual, mas representa avanço na inclusão LGBTQIAPN pela Igreja Católica

Por Plox

19/12/2023 08h08 - Atualizado há 7 meses

A uma semana do Natal, o Vaticano anunciou uma iniciativa histórica, aprovando a bênção não litúrgica de casais do mesmo sexo, uma medida que também se estende a casais em "situação irregular", como os em segunda união após divórcio. Apesar desse avanço na inclusão da comunidade LGBTQIAPN, o documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, um dos principais órgãos da Santa Sé, enfatiza a manutenção do veto ao matrimônio homossexual.

Contexto da Decisão e Resposta Conservadora

Este movimento do Vaticano vem como um novo ponto de tensão com a ala conservadora da Igreja, especialmente nos Estados Unidos, onde a oposição a tais medidas é mais acentuada. Segundo o documento, "as bênçãos nunca acontecerão em conexão com os ritos civis de união, nem mesmo com as vestimentas, gestos ou as palavras próprias de um casamento". O texto busca esclarecer a natureza da "bênção" nas escrituras católicas e reafirmar a importância do amor transcendente e da confiança em Deus, independentemente do contexto moral.

Declaração do Papa e Impacto Global

A decisão foi chancelada pelo Papa Francisco e inclui uma carta enviada por ele a dois cardeais conservadores, publicada em outubro, sugerindo que tais bênçãos poderiam ser oferecidas em algumas circunstâncias, desde que não se confundam com o sacramento do casamento. Esta é a primeira vez que a Igreja Católica abre explicitamente caminho para a bênção de casais do mesmo sexo, apesar de alguns religiosos, principalmente na Bélgica e Alemanha, já realizarem tais cerimônias.

Debate no Sínodo e Perspectivas Futuras

A autorização das bênçãos segue discussões acaloradas no Sínodo sobre o futuro da Igreja Católica, onde bispos, mulheres e laicos debateram questões sociais, incluindo a aceitação de pessoas LGBTQIAPN e dos divorciados que se casaram novamente. Embora o documento final do Sínodo não tenha incluído essa questão, a mudança de orientação em apenas dois anos é notável, considerando que em 2021 o Vaticano reafirmou a homossexualidade como "pecado".

Reações e Implicações

A decisão foi saudada pelo reverendo James Martin, um defensor da inclusão LGBTQIAPN na Igreja, como um "grande passo em frente" e uma "mudança dramática". Patrick Vadrini, especialista em direito canônico, observou que a definição de normas gerais pela Igreja transfere a aplicação prática para as mãos daqueles em contato direto com os fiéis, adaptando-se às circunstâncias individuais.

Inclusão de Transgêneros

Recentemente, o Vaticano também permitiu o batismo de pessoas transgênero, desde que não cause "escândalo" ou "confusão", conforme um documento publicado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé. Este passo foi considerado um avanço para uma Igreja mais inclusiva, embora sujeito a interpretações arbitrárias nas dioceses.

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