Banco Central confirma que inflação ultrapassará a meta de 2024

Autoridade monetária admite falha pelo terceiro ano nos últimos quatro, projetando IPCA acima do teto de 4,5%. Novo presidente do BC terá que justificar o descumprimento.

Por Plox

19/12/2024 10h55 - Atualizado há 5 meses

O Banco Central confirmou oficialmente, nesta quinta-feira (19), que não cumprirá a meta de inflação estabelecida para 2024. O anúncio foi feito por meio do Relatório de Inflação do quarto trimestre, divulgado na manhã de hoje, e já sinaliza um cenário preocupante para o controle dos preços no próximo ano.

Inflação acima do teto: projeção de 4,9%

De acordo com o documento, a probabilidade de a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ultrapassar o teto do sistema de metas é de 100%. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu o centro da meta em 3%, com uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o teto é de 4,5%, mas o Banco Central já projeta que o IPCA encerrará o ano em 4,9%.

Histórico de descumprimento das metas

Essa será a terceira vez, nos últimos quatro anos, que o Banco Central não consegue manter a inflação dentro dos limites estabelecidos. O descumprimento ocorreu em 2021 e 2022. Em 2023, o IPCA ficou dentro da meta, mas a perspectiva de 2024 volta a gerar preocupação.

Desempenho inflacionário de 2024

Conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação acumulada de janeiro a novembro de 2024 foi de 4,29%. Para dezembro, a pesquisa Focus, elaborada pelo Banco Central, projeta uma alta de 0,58%, o que elevaria o IPCA total do ano para um patamar superior ao teto de 4,5%.

A sinalização de que a meta não seria cumprida já havia sido antecipada pela ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta semana, onde se estimou que a inflação de 2024 fecharia em 4,9%.

Impactos e obrigações do Banco Central

Quando a inflação ultrapassa o teto definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central é formalmente considerado como descumpridor da meta. Nessa situação, a autoridade monetária precisa se justificar publicamente.

A legislação exige que o Banco Central apresente uma carta aberta ao Ministro da Fazenda, explicando as razões para o descontrole inflacionário, as medidas adotadas para conter a inflação e as previsões para o futuro.

Responsabilidade do futuro presidente do BC

Como os dados de inflação de dezembro só serão consolidados em janeiro de 2025, a responsabilidade de assinar a carta ficará com Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central. Ele terá a missão de justificar o descumprimento da meta e apresentar os planos de controle para o novo ciclo econômico.

Destaques