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O Brasil voltou a registrar alta nas mortes no trânsito nos últimos anos, após um período de queda consistente. Dados do Ministério da Saúde/Datasus apontam que, entre 2014 e 2023, o país somou 355.055 óbitos em acidentes viários, o que representa uma média anual de 35.506 mortes. A série histórica mostra redução expressiva até 2019, quando o número de vítimas caiu de 43.780, em 2014, para 31.945, uma queda de 27%. A partir de 2020, porém, a curva voltou a subir e chegou a 34.881 mortes em 2023, alta de 6,6% em relação a 2020.

Legenda: Falhas em itens de segurança do veículo podem comprometer a capacidade de reação do condutor e agravar drasticamente a gravidade de um sinistro. / Aumento da fiscalização nas rodovias é essencial para identificar situações que podem comprometer a segurança de quem está viajando.
Foto: PRF/PR
Para a presidente da Federação Nacional da Inspeção Veicular (FENIVE), Adriana Castro, o fim de ano é um período especialmente crítico, em razão do aumento do fluxo nas rodovias. Ela destaca que a segurança no trânsito depende da conduta dos motoristas, da infraestrutura viária e, sobretudo, das condições dos veículos, principalmente os usados de forma intensiva e profissional, como caminhões e veículos de transporte de passageiros.
Adriana lembra que, quando esses veículos circulam sem manutenção adequada, passam a representar riscos adicionais para todos os usuários das estradas. Na prática, os números mostram que esse cuidado nem sempre é observado.
Levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de 2024 revela que, apenas nas rodovias federais, foram registrados 73.156 sinistros de trânsito, com 6.160 mortes e 84.526 feridos. Os veículos de passeio concentraram o maior número de vítimas fatais no ano, com 2.110 mortes.
Adriana ressalta que, nas colisões envolvendo caminhões, os ocupantes de automóveis são os mais vulneráveis, em razão da diferença de massa entre os veículos e do potencial de danos em batidas e engavetamentos.
No balanço da Operação Natal da PRF, o cenário também foi de agravamento. Entre 2023 e 2024, houve aumento de 10% no número de mortes registradas nas rodovias federais durante o período, chegando a 165 vítimas fatais.
No cenário global, o Brasil é signatário da agenda da ONU e da OMS que instituiu a Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011–2020) e, posteriormente, a segunda década (2021–2030). A meta é reduzir em pelo menos 50% as mortes e lesões no trânsito até 2030.
O balanço mais recente da OMS indica, contudo, que a queda global ainda é considerada leve. A entidade estima 1,19 milhão de mortes em 2021 e reforça a necessidade de acelerar as ações para que a meta seja alcançada.
Sem políticas públicas concretas e campanhas de conscientização social, o Brasil não vai conseguir atingir essa meta. E isso é fundamental para evitar ainda mais prejuízos às famílias brasileiras e, também, à saúde públicaAdriana Castro
Adriana Castro alerta que falhas em itens de segurança dos veículos podem comprometer a capacidade de reação do condutor e agravar drasticamente a gravidade dos sinistros. Segundo ela, não se trata apenas de desgaste natural das peças, mas de segurança operacional.
Ela afirma que a fiscalização hoje é mínima e falha, e que, após acidentes graves, é comum a identificação de problemas básicos que poderiam ter sido detectados em uma inspeção veicular. Entre os itens críticos, cita freios deficientes, pneus, suspensão, direção e iluminação. Para a presidente da Fenive, proprietários de veículos de passeio, de transporte de passageiros e de carga precisam ser conscientizados e responsabilizados por acidentes decorrentes de falta de manutenção.
Entre os problemas mecânicos mais graves nas rodovias brasileiras, Adriana destaca a falha no sistema de freios de caminhões, sobretudo em trechos de serra e descidas longas, que exigem frenagem contínua. Nessas situações, a perda de eficiência de frenagem de um veículo de carga costuma resultar em danos severos a veículos menores, com maior concentração de vítimas entre ocupantes de carros de passeio.
Outro ponto de preocupação é o atraso na divulgação de estatísticas consolidadas pelos órgãos públicos. Adriana critica o fato de o país ainda não contar com dados oficiais atualizados do ano anterior, mesmo já no fim de 2025.
Para ela, a falta de informações tempestivas retarda a formulação de políticas públicas, reduz a precisão das ações e faz com que a resposta do poder público seja mais reativa do que preventiva. A presidente da Fenive defende dados mais atuais para orientar a fiscalização, os investimentos em infraestrutura e as iniciativas de segurança viária.
Os números do Datasus mostram a seguinte evolução de óbitos no trânsito no país:
2014: 43.780
2015: 38.651
2016: 37.345
2017: 35.375
2018: 32.655
2019: 31.945
2020: 32.716
2021: 33.813
2022: 33.894
2023: 34.881