Aos 74 anos, morre Cristina Buarque, irmã de Chico e ícone do samba
Cantora morreu neste domingo (20) após complicações de um câncer; irmã de Chico Buarque, ela construiu carreira independente e reverenciada
Por Plox
20/04/2025 13h46 - Atualizado há cerca de 2 meses
Cristina Buarque, nome respeitado na cena do samba brasileiro, morreu neste domingo (20), aos 74 anos, em decorrência de complicações causadas por um câncer. A notícia foi confirmada pelo filho da artista, Zeca Ferreira, por meio das redes sociais.

Maria Cristina Buarque de Hollanda nasceu em São Paulo no ano de 1950, mas foi no Rio de Janeiro que cresceu e consolidou sua relação com a música. Desde o início, sua trajetória foi guiada pelo respeito à tradição do samba, escolhendo um caminho artístico próprio, independente da fama do irmão, Chico Buarque.
Em 1967, ela fez sua estreia profissional ao participar do disco \"Onze sambas e uma capoeira\", de Paulo Vanzolini. Já no ano seguinte, dividiu os vocais com Chico na canção \"Sem fantasia\", mas preferiu seguir carreira solo, construindo uma discografia comprometida com a memória do samba.
Seu primeiro álbum, lançado em 1974 e intitulado \"Cristina\", apresentou uma curadoria musical dedicada a compositores como Cartola, Ivone Lara, Manacéa, Ismael Silva e Noel Rosa. Essa escolha mostrava desde cedo o caminho que ela tomaria: exaltar sambas pouco conhecidos do público, mas fundamentais na história da música popular brasileira.
Com a voz de Cristina, canções como \"Quantas lágrimas\", de Manacéa, ganharam novas audiências. Já no disco \"Prato e faca\" (1976), ela interpretou \"Esta melodia\", composição de Bubu da Portela e Jamelão, que anos mais tarde seria regravada por Marisa Monte — uma das artistas que reconhecem Cristina como inspiração.
Ao longo das décadas seguintes, Cristina lançou álbuns como \"Arrebém\" (1978), \"Vejo amanhecer\" (1980), \"Cristina\" (1981) e \"Resgate\" (1994), sempre mantendo sua proposta de valorização da essência do samba. Em 1995, gravou com Henrique Cazes um trabalho inteiramente dedicado a Noel Rosa. A partir dessa fase, passou a assinar artisticamente como Cristina Buarque, adotando o sobrenome que até então deixava de fora dos créditos por decisão própria.
Discreta, mas profundamente admirada por nomes como Marisa Monte e Mônica Salmaso, Cristina Buarque deixou uma obra marcada por escolhas musicais cuidadosas e uma dedicação rara à cultura do samba brasileiro.