Essa inovação, um produto da engenharia genética, traz esperança para aqueles que sofrem de alergia a ovos, marcando um passo promissor no tratamento e prevenção desse problema de saúde comum.
20/05/2023 às 17:15por Redação Plox
20/05/2023 às 17:15
— por Redação Plox
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Um grupo de cientistas japoneses da Universidade de Hiroshima conseguiu um feito notável em meio ao campo da genética e saúde alimentar: a criação de uma galinha cujos ovos não apresentam a proteína ovomucoide, conhecida por desencadear reações alérgicas. Essa inovação, um produto da engenharia genética, traz esperança para aqueles que sofrem de alergia a ovos, marcando um passo promissor no tratamento e prevenção desse problema de saúde comum.
Foto: Anna Shvets/Pexels/Reprodução
Rumo a uma Nova Era Sem Alergias ao Ovo
A pesquisa, conduzida pelo renomado cientista Ryo Ezaki e publicada recentemente na revista especializada "Food and Chemical Toxicology", descreve como a equipe conseguiu "desligar" a produção da proteína ovomucoide. Essa proteína representa pouco mais de um décimo da composição proteica das claras dos ovos e é a principal responsável pelas reações alérgicas.
Ezaki esclareceu: "Ao consumir ovos que contêm a proteína ovomucoide, indivíduos alérgicos podem sofrer uma série de sintomas desconfortáveis, como vômitos, problemas respiratórios e inchaço corporal". Além disso, a presença dessa proteína nas vacinas contra gripe baseadas em ovos de galinha às vezes impede que pessoas alérgicas recebam a devida imunização.
Tecnologia Avançada Modifica DNA de Galinhas
Os pesquisadores realizaram uma intervenção precisa no DNA dos embriões das galinhas, utilizando uma técnica chamada Talens. Essa tecnologia, muitas vezes comparada a uma 'tesoura molecular', é capaz de identificar sequências específicas de DNA e cortá-las com grande precisão. Assim, o time de cientistas conseguiu alterar o segmento de DNA responsável pela produção da proteína ovomucoide.
Em termos simplificados, essa mudança geneticamente induzida desordenou a "receita molecular" da proteína ovomucoide, impedindo sua produção pelo organismo das galinhas modificadas.
A Segurança dos Novos Ovos
Antes que os ovos possam ser consumidos, é necessário confirmar sua segurança, como enfatizou Ezaki: "Avaliar a segurança desses ovos é nossa prioridade antes que possam ser utilizados na alimentação". Assim, a equipe conduziu uma série de análises, utilizando técnicas avançadas de biologia molecular para compreender as implicações dessa modificação genética.
Os resultados desses testes foram positivos. Os anticorpos desenvolvidos para aderir à proteína ovomucoide não conseguiram detectar qualquer vestígio da molécula na clara dos ovos modificados. Além disso, análises completas do DNA das galinhas não revelaram quaisquer alterações genéticas indesejadas.
"Os ovos produzidos por estas galinhas modificadas não apresentaram nenhuma anormalidade evidente", afirmou Ezaki. No entanto, ele enfatizou que mais testes serão realizados para confirmar que os ovos podem ser consumidos in natura sem provocar reações alérgicas, mesmo em pessoas com sensibilidade muito alta à proteína ovomucoide.
O Impacto da Alergia ao Ovo
A importância desse avanço pode ser melhor compreendida ao se considerar as consequências das alergias alimentares. As reações alérgicas ao ovo, por exemplo, podem evoluir para um quadro de anafilaxia, um tipo de reação alérgica grave que afeta vários órgãos simultaneamente e pode levar ao choque anafilático - uma queda abrupta da pressão arterial que pode ser fatal.
Esse avanço promissor pode potencialmente beneficiar milhões de pessoas em todo o mundo que são alérgicas a ovos. No entanto, Ezaki e sua equipe estão cientes de que ainda há muito trabalho a ser feito: "Embora nossos resultados sejam encorajadores, é essencial realizar mais testes de segurança. O objetivo final é que esses ovos possam ser consumidos sem preocupações por pessoas alérgicas".
Este estudo é um exemplo vívido de como a ciência e a tecnologia podem se unir para criar soluções potencialmente revolucionárias para problemas de saúde comuns. Estaremos atentos para acompanhar a evolução desta pesquisa e seus possíveis impactos na saúde e bem-estar de milhões de pessoas ao redor do mundo.