Saúde defende escuta humanizada no acolhimento de vítimas de desastres

O órgão ressalta que pessoas expostas a essas situações podem manifestar reações emocionais como medo, desconfiança e tristeza

Por Plox

20/05/2024 12h47 - Atualizado há 2 meses

O Ministério da Saúde enfatiza a relevância da escuta ativa e humanizada no acolhimento de vítimas de desastres, como as enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul. O órgão ressalta que pessoas expostas a essas situações podem manifestar reações emocionais como medo, desconfiança e tristeza.

Foto: Pedro Piegas/PMPA

Recomendações emergenciais para saúde mental

Para enfrentar esse cenário, o ministério lançou uma série de materiais com recomendações emergenciais voltadas à promoção da saúde mental e à atenção psicossocial. Estes documentos abordam:

  1. Respostas emocionais e primeiros cuidados psicológicos em desastres e emergências.
  2. Perdas e lutos.
  3. Situação de crianças em abrigos provisórios.

Todo o conteúdo está disponível gratuitamente, oferecendo orientações práticas para apoiar as pessoas afetadas.

Impacto psicológico das inundações

Os desastres, como as enchentes no Rio Grande do Sul, podem ter graves repercussões no bem-estar psicológico e na saúde mental das pessoas, principalmente devido às múltiplas perdas enfrentadas, como a ausência de contato com familiares e amigos, destruição de residências e estruturas comunitárias, além da perda de rotinas, trabalho e meios de subsistência.

O ministério alerta para a necessidade de atenção especial às pessoas com demandas de saúde mental preexistentes, destacando o aumento do uso de substâncias e a ocorrência de diferentes formas de violência como reações esperadas. As estratégias recomendadas incluem:

  • Oferecer apoio prático de forma não invasiva.
  • Encontrar um local silencioso para conversar, escutando ativamente sem pressionar.
  • Manter a calma e permitir o silêncio, ajudando a pessoa a se sentir tranquila.
  • Auxiliar na busca por outros apoios e serviços, fornecendo informações honestas e precisas.

Abordagem sobre perdas e lutos

O material sobre perdas e lutos ressalta que desastres como as enchentes resultam em múltiplas perdas. “Por vezes, as pessoas precisam deixar moradias ou comunidades e ficam sem contato com familiares, vizinhos e amigos. Frente a todos esses impactos, vulnerabilidades são aprofundadas”, destaca a publicação.

As repercussões na saúde e no bem-estar podem ser prolongadas, não apenas pelo estressor primário das enchentes, mas também pelos estressores secundários associados à reconstrução das vidas e bens materiais. “A vizinhança e o bairro consistem em espaços de referência, convívio e identidade comunitária. Perder a própria casa ou lugares familiares pode desencadear um processo de luto, considerando os significados atribuídos e a história construída nesses locais”, afirma o ministério.

Em casos de desastres que afetam moradias, recomenda-se garantir abrigo com alimentação, água potável e serviços de saúde para minimizar danos e proteger o bem-estar e a dignidade dos afetados.

Situação de crianças em abrigos

O volume destinado às crianças em abrigos provisórios estabelece que todas as crianças vulneráveis devem ser abrigadas perto de seus territórios de origem, com ou sem suas famílias. As condições necessárias incluem:

  • Infraestrutura adequada (banheiros limpos, locais para dormir confortáveis, espaços de convivência e brincadeiras).
  • Segurança alimentar e acesso a água potável.
  • Presença de profissionais e/ou voluntários capacitados para acolher suas demandas e as dos adultos ao redor.

“As crianças deverão ser mantidas junto às famílias e adultos de referência, recebendo pulseira de identificação com seu nome e nome do responsável. O desmembramento das famílias deve ser evitado em qualquer condição”, recomenda o ministério. Para crianças desacompanhadas, a atenção deve ser redobrada, com encaminhamento a centros de cadastramento e triagem ou abrigos organizados, articulando-se com a rede de proteção social, Ministério Público e Poder Judiciário.

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