Após torta suspeita em BH, exames negam botulismo e família questiona laudos
Parentes de trio internado em Belo Horizonte contestam resultados negativos e apontam alerta de médicos sobre possível falso negativo
Por Plox
20/05/2025 12h03 - Atualizado há 1 dia
Após quase um mês de internação de três pessoas da mesma família, exames laboratoriais realizados pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL), em São Paulo, descartaram a presença de botulismo. As vítimas haviam consumido torta de frango e empadas em uma padaria localizada no bairro Serrano, em Belo Horizonte, e começaram a apresentar sintomas no dia seguinte, 22 de abril.

As amostras dos alimentos suspeitos e dos pacientes foram analisadas pelo IAL, referência nacional em botulismo, e testaram negativo para a doença. Mesmo com os resultados, familiares das vítimas levantam dúvidas sobre a precisão dos exames. Eles relatam que os próprios médicos das unidades de saúde em Sete Lagoas e Belo Horizonte alertaram sobre a possibilidade de um “falso negativo”.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que os exames continuam. O órgão solicitou análises adicionais ao IAL para buscar outras neurotoxinas e agentes que possam ter causado a intoxicação. Caso o instituto não possua os métodos necessários, o Ministério da Saúde já foi acionado para avaliar o envio dos materiais para outros centros de referência no Brasil.

Apesar da exclusão do botulismo nos testes, os pacientes receberam, ainda no início do quadro clínico, doses do soro antitoxina botulínica. Todos seguem internados e sob acompanhamento médico. O governo estadual reforçou que a investigação permanece ativa e que novas informações serão divulgadas com base em dados técnicos e científicos consolidados.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio de nota, informou que o estabelecimento permanece interditado pela Vigilância Sanitária. Não há, até o momento, qualquer pedido para regularização ou desinterdição. A padaria está proibida de operar e de manipular alimentos.
A família das vítimas insiste na hipótese de botulismo. Uma das parentes relatou que os médicos estão convictos de que essa é a única explicação para o quadro clínico apresentado pelos três. Segundo ela, o tratamento com o soro foi iniciado pouco após a entrada nos hospitais, e o fato de os pacientes terem vomitado bastante antes de manifestarem sintomas neurológicos pode ter interferido no resultado dos exames.
A sobrinha e o namorado, de 23 e 24 anos, já deixaram a UTI e agora estão em quartos de internação. A jovem ainda necessita de aparelho para respirar. A situação da idosa, de 75 anos, continua sendo a mais delicada, com estado de saúde considerado grave.
Conforme relatos à Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), funcionários da padaria admitiram que os produtos estavam estragados e chegaram a devolver o dinheiro aos clientes. Segundo o proprietário, os alimentos teriam sido preparados em 19 de abril por um padeiro freelancer, com o qual ele não possuía vínculo direto. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) está conduzindo as investigações sobre o caso.
A defesa do proprietário da padaria optou por não se manifestar até o momento.