Idosa com transtorno acumula 22 cães em casa tomada por sujeira há anos em MG
Apesar de decisão judicial desde 2020, prefeitura de Caeté não executa totalmente medidas para resgatar animais em situação crítica
Por Plox
20/05/2025 13h11 - Atualizado há 1 dia
Em meio a entulhos, lixo espalhado e fezes de animais, uma residência no Centro de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, abriga pelo menos 22 cães vivendo em condições degradantes. A moradora, uma idosa de 74 anos com transtorno de acumulação compulsiva, enfrenta esse cenário há anos, mesmo após uma decisão judicial que determinava providências urgentes.

A ordem judicial foi emitida em 2020, após Ação Civil Pública movida pela promotora Anelisa Cardoso Ribeiro, e previa uma série de medidas por parte da prefeitura: limpeza do imóvel e do terreno de cerca de dois mil metros quadrados, construção de canis, retirada e tratamento dos animais, além de acompanhamento psiquiátrico para a moradora. A juíza Graziella Maria de Queiroz Franco Peixoto foi responsável por acatar e formalizar a sentença.
No entanto, quase cinco anos depois, a situação permanece grave. A Sociedade Galdina Protetora dos Animais e da Natureza (SGPAN) denunciou ao Ministério Público de Minas Gerais, em 2022, o descumprimento da decisão por parte da prefeitura. Segundo a ONG, a administração municipal teria dificultado o acompanhamento das ações por parte da entidade.

Hoje, 10 cães permanecem em seis canis improvisados e outros 12 dentro da casa. Voluntárias da SGPAN, como Patrícia Dutra, revezam-se diariamente para cuidar dos animais, oferecendo ração, água e medicamentos. Elas relatam riscos à própria saúde devido ao ambiente insalubre: presença de fezes, urina, móveis empilhados e animais peçonhentos.
Enquanto isso, a moradora foi internada em abril deste ano na Santa Casa de Caeté e, em seguida, transferida para um hospital em Santa Luzia. Com problemas renais, cardíacos e pneumonia, ela segue internada, e não há certeza sobre seu retorno ao local. Segundo um primo, ela não tem familiares próximos que possam acolhê-la.

Pelas redes sociais, a SGPAN tem apelado por doações de ração e medicamentos, além de divulgar os cães disponíveis para adoção. Até agora, apenas um animal foi adotado. Interessados podem contatar a ONG pelo perfil @sgpancaete no Instagram.
Em resposta, a Procuradoria Jurídica Municipal de Caeté alegou que cumpriu sua parte, incluindo a limpeza da área, construção de um canil e fornecimento de ração e assistência veterinária. Reforçou ainda que, por lei, não pode invadir a propriedade sem autorização da moradora, considerada juridicamente capaz.
Contudo, a decisão judicial de 2020 afirma que a idosa não pode impedir as ações da prefeitura e prevê multa em caso de descumprimento. A administração municipal afirma que seguirá atuando dentro dos limites legais para, ao menos, mitigar o problema.