Virginia surpreende com visual na CPI das Bets e perde 600 mil seguidores
Aparição da influenciadora na Comissão Parlamentar de Inquérito reacende debate sobre uso de estratégias emocionais na política
Por Plox
20/05/2025 17h25 - Atualizado há cerca de 16 horas
A participação da influenciadora Virginia Fonseca na CPI das Bets, realizada na última semana, movimentou não apenas os corredores do Congresso, mas também as redes sociais e veículos de imprensa. Convocada a prestar esclarecimentos sobre os contratos que mantém com plataformas de apostas online, Virginia negou que exista cláusula em que seus lucros cresçam conforme as perdas dos apostadores, mas o que chamou atenção foi, principalmente, sua imagem.

Vestindo um moletom estampado com a foto de uma de suas filhas, sem maquiagem, usando óculos e com postura tímida, chegou a confundir o canudo de seu copo com o microfone da sessão. A escolha contrastou com a persona exuberante que costuma apresentar em suas redes, repletas de fotos produzidas e figurinos ousados. A diferença foi suficiente para acender debates sobre o uso de estratégias de imagem em situações delicadas.
Nas redes sociais, a reação foi imediata. A atriz Luana Piovani compartilhou a crítica do DJ Zé Pedro, que comparou o visual de Virginia ao de Suzane von Richthofen, levantando a hipótese de manipulação simbólica. Segundo o DJ, o uso de roupas com motivos infantis buscaria transmitir uma aparência de inocência e docilidade. Como consequência direta do episódio, Virginia perdeu cerca de 600 mil seguidores em sua conta no Instagram, onde possui uma base superior a 50 milhões de pessoas.
A professora Camila Mantovani, da UFMG, especialista em comunicação e celebridades, analisou o comportamento da influenciadora como uma clara aposta na \"estética da inocência\". Segundo ela, essa estratégia é recorrente em contextos políticos e visa humanizar o depoente, criando empatia e afastando o foco de questões técnicas.
\"Ela evitou um embate racional e técnico para apostar em uma conexão afetiva com o público\", avaliou a professora.
Camila destacou ainda que Virginia aplicou na CPI a mesma lógica que domina as redes sociais: pausas dramáticas, sorrisos contidos e linguagem corporal performática. A intenção seria gerar material que facilmente se transformasse em cortes virais, memes ou vídeos compartilháveis. Ainda que bem-sucedida em termos de forma, a estratégia, segundo a especialista, foi amplamente percebida e criticada por muitos seguidores, já acostumados a essas dinâmicas.
A participação da influenciadora também teve momentos inesperados. O senador Cleitinho, de Minas Gerais, não chegou a questioná-la formalmente, preferindo mostrar a esposa em uma chamada de vídeo e pedir uma selfie. Para a professora, isso ilustra como o campo político se tornou permeável à lógica midiática e de celebridades. Ela afirma que a CPI acabou funcionando como um palco para encenações simbólicas, esvaziando, em parte, o objetivo jurídico da sessão.
Ao comentar o papel social das celebridades, Camila lembra que figuras públicas carregam responsabilidades sobre as práticas que promovem, especialmente quando envolvem valores e comportamentos. No caso de Virginia, a adoção de um discurso de desconhecimento serviria como tentativa de fuga da responsabilidade pelas ações que promoveu.
Por fim, a pesquisadora alerta para os riscos de se valorizar a autenticidade acima da responsabilidade. “Vivemos em um momento onde parecer sincero vale mais do que, de fato, ser responsável”, conclui. Ela alerta para o fato de que as ações, virtuais ou não, sempre terão consequências – e que as celebridades são espelhos daquilo que a sociedade reconhece como valor.