Ex-PM condenado por matar Marielle relata isolamento extremo em presídio de SP
Ronnie Lessa está isolado há um ano em cela solitária em Tremembé e sua defesa pede vistoria urgente por risco à saúde
Por Plox
20/06/2025 17h20 - Atualizado há cerca de 21 horas
Ronnie Lessa, ex-policial militar condenado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, encontra-se em situação de isolamento extremo na Penitenciária 1 de Tremembé, interior de São Paulo. Desde sua transferência da Penitenciária Federal de Campo Grande, em junho de 2024, Lessa está confinado em uma cela individual, sem contato com outros detentos ou familiares.

A defesa de Lessa alega que o isolamento, que já dura mais de 300 dias, ocorre sem autorização judicial e em condições mais severas que as de uma penitenciária federal. Segundo os advogados, o ex-policial está privado de atividades educativas e laborais, tendo acesso apenas à leitura da Bíblia e de alguns livros. Eles também relatam que Lessa tem se alimentado apenas de pão e água, devido a problemas de saúde relacionados à alimentação fornecida pelo presídio, o que pode levar a um quadro de subnutrição.
Além das questões físicas, a defesa destaca o forte abalo emocional enfrentado por Lessa, agravado pela morte recente de seu pai. Diante desse cenário, foi solicitado à Justiça estadual uma vistoria nas condições de custódia do detento, visando resguardar sua integridade física e psicológica.
A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que Lessa está em cela individual para preservar sua integridade física e que o preso usufrui diariamente de banho de sol em pátio reservado. A SAP também afirmou que Lessa tem acesso à biblioteca da unidade e já leu títulos de diversos escritores e filósofos, além de participar de projetos culturais na unidade. A alimentação oferecida segue o cardápio padrão instituído pela secretaria.
A transferência de Lessa para Tremembé foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após pedido da defesa. O acordo de delação firmado com a Polícia Federal prevê que ele cumpra pena em regime fechado até março de 2037, seguido de dois anos em regime semiaberto. A manutenção do acordo depende do cumprimento das condições estabelecidas, incluindo a ausência de punições graves durante o período de reclusão.
Até o momento, o pedido de inspeção judicial feito pela defesa ainda não foi analisado pela Justiça.