Adolescentes em BH são atraídos pelo tráfico em busca de bens e status

Arnaldo Conde, especialista em Segurança Pública, acredita que o foco excessivo da fiscalização em áreas centrais da cidade facilita o tráfico em regiões mais afastadas

Por Plox

20/07/2023 06h58 - Atualizado há 12 meses

Belo Horizonte viu em 2022 um número preocupante de casos envolvendo adolescentes no tráfico de drogas. O Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional (CIA-BH) registrou 954 casos. Esta estatística revela que, em média, dois jovens se envolveram diariamente com o narcotráfico na capital.

O tenente-coronel Flávio Santiago, representando a Polícia Militar de Minas Gerais, atribui esse quadro a uma combinação de vulnerabilidades sociais e ao desejo desses jovens de obter reconhecimento e bens rapidamente. Ele destaca: “Nessa faixa etária, esses meninos e meninas possuem essa vontade de conquistar as coisas mais rapidamente. E quando esse adolescente está em uma família desestruturada [...] ele fica ainda mais exposto”.

A região Nordeste de Belo Horizonte liderou em casos de tráfico com adolescentes, registrando 195 ocorrências, seguida pelas regiões de Venda Nova e Leste, com 129 e 119 casos, respectivamente. A grande maioria dos envolvidos eram meninos, com 95,57% dos casos, principalmente na faixa etária de 16 a 17 anos.

 

Buscando Soluções: Educação e Oportunidades de Trabalho

Arnaldo Conde, especialista em Segurança Pública, acredita que o foco excessivo da fiscalização em áreas centrais da cidade facilita o tráfico em regiões mais afastadas. Para ele, o problema também se agrava com a falta de cursos preparatórios e oportunidades de trabalho para os jovens. Conde destaca: “Problemas de segurança são multifacetados e nunca serão resolvidos com apenas uma instituição ou setor”.

Em busca de uma solução para a situação alarmante, o CIA-BH mostrou que, em 2022, foram atendidos 3054 casos de atos infracionais cometidos por adolescentes. Entre estes, 2848 eram novos casos para investigação, mostrando uma tendência preocupante.

Elvira Cosendey, do Ministério do Trabalho e Emprego, acredita que a prevenção começa na educação. Segundo ela, muitos desses jovens já tiveram problemas na escola e, ao enfrentar dificuldades de aprendizagem, acabam se distanciando do ambiente educacional. Cosendey sugere: “Eles precisam ser meninos e meninas de sucesso, com autoestima elevada na vida escolar.”

Na luta contra o tráfico e a favor da educação, a Polícia Militar de Minas Gerais promove o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). O tenente-coronel Santiago menciona que mais de 4 milhões de crianças já foram beneficiadas pelo programa, que busca não só afastá-las das drogas, mas também formar cidadãos capazes de resistir às pressões externas.

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