Sem opções, PT de lula investe em Boulos na maior cidade do país

Lula apoia Boulos em campanha municipal de São Paulo, apostando em nova liderança para enfrentar a direita

Por Plox

20/07/2024 11h23 - Atualizado há cerca de 2 meses

Em uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (18), Guilherme Boulos (PSOL) revelou algumas de suas propostas para a campanha à prefeitura de São Paulo. A convenção que oficializará sua candidatura ocorrerá no próximo sábado (20), consolidando uma aliança estratégica entre o PSOL e o PT. O presidente Lula está profundamente envolvido na campanha, destacando o apoio a Boulos como parte de uma estratégia mais ampla para reforçar a presença do partido na maior cidade do país.

Boulos não é formalmente o candidato do PT, mas a aliança com Lula indica um forte endosso. Na entrevista coletiva, Laércio Ribeiro, presidente municipal do PT, ressaltou a participação ativa de Lula na campanha. Boulos, em resposta, destacou que o petista estará presente "de maneira forte e intensa em todos os momentos".

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Convenção marca início oficial da campanha

A convenção deste sábado lançará oficialmente a chapa de Boulos com Marta Suplicy, visando derrotar o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), aliado de Jair Bolsonaro. Este evento, que espera atrair mais de 10 mil pessoas no Expo Center Norte, marca um esforço conjunto para unir a esquerda em torno de uma candidatura forte. O presidente Lula, acompanhado por ao menos oito ministros, estará no palanque para reforçar o apoio à chapa.

Aliança estratégica entre PSOL e PT

A aliança entre Lula e Boulos começou a se formar em 2022, quando o presidente convenceu Boulos a desistir da candidatura ao governo estadual para apoiar Fernando Haddad (PT). Em troca, Lula prometeu apoio à candidatura de Boulos na prefeitura em 2024. Esta articulação é vista como uma maneira de garantir a influência do PT em São Paulo, mesmo sem um candidato próprio.

Boulos, que se elegeu deputado federal em 2022, já havia mostrado força política ao chegar ao segundo turno das eleições municipais de 2020. Apesar de perder para Bruno Covas (PSDB), sua atuação foi significativa e consolidou seu nome como uma figura importante na política paulistana.

Estratégias de campanha e desafios internos

Para a atual campanha, Boulos ajustou sua imagem e estratégias para se aproximar mais do estilo conciliador de Lula, suavizando seu tom combativo que o popularizou no PSOL. Ele acomodou Marta Suplicy como vice, apesar das críticas passadas entre ela e o PT, e integrou na equipe de campanha um ex-comandante da Rota, buscando uma postura mais moderada.

Lula, por sua vez, teve que lidar com resistências dentro do PT devido à inédita perda de protagonismo na capital paulista. A repatriação de Marta ao PT foi uma das manobras políticas surpreendentes desta eleição, indicando um pragmatismo necessário para fortalecer a aliança.

Comparação das lideranças da direita e da esquerda

Enquanto a esquerda, liderada pelo PT, busca consolidar a candidatura de Boulos com o apoio de Lula, a direita brasileira apresenta uma diversidade de lideranças potenciais para futuras disputas eleitorais. Entre os nomes mais mencionados pelos seguidores de Jair Bolsonaro estão o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), a esposa de Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e até o pastor Silas Malafaia.

Estratégia e diversidade de candidatos da direita

A direita brasileira, especialmente os apoiadores de Bolsonaro, destaca-se pela variedade de lideranças que podem ser potenciais candidatos em eleições futuras. Tarcísio de Freitas é visto como um nome forte devido à sua gestão em São Paulo, enquanto Romeu Zema é reconhecido por sua administração em Minas Gerais e sua postura pró-mercado. Michelle Bolsonaro, com sua popularidade crescente, é outra figura significativa, assim como Ronaldo Caiado, que possui forte influência política em Goiás. Silas Malafaia, embora não seja um político tradicional, é um nome mencionado devido à sua influência entre os evangélicos.

Desafios e pragmatismo da esquerda

Em contraste, o PT teve que buscar fora de suas fileiras tradicionais para encontrar uma liderança capaz de disputar a prefeitura de São Paulo com chances reais de vitória. A escolha de Boulos, um líder do PSOL, representa uma tentativa de renovação e união das forças progressistas. O partido enfrentou desafios internos significativos, como a necessidade de reconquistar Marta Suplicy e integrar figuras que antes eram adversárias. Essa aliança pragmática é vista como uma manobra necessária para manter a relevância do PT na política paulistana e nacional.

Polarização e expectativas para a eleição

Com Lula e Bolsonaro polarizando a disputa, a eleição de 2024 em São Paulo é vista como um "terceiro turno" das eleições presidenciais de 2022. Boulos e Nunes estão tecnicamente empatados nas pesquisas, com 23% e 24% das intenções de voto, respectivamente, segundo o Datafolha deste mês.

A coligação "Amor por São Paulo", liderada por PSOL e PT, reúne oito partidos do campo progressista. A inclusão recente do PCB (Partido Comunista Brasileiro) reforça a amplitude da aliança, que busca apresentar uma alternativa forte e unificada contra a direita nas eleições municipais.

A disputa não é apenas pela prefeitura, mas também uma batalha simbólica pelo futuro da esquerda no Brasil, com Lula e Boulos representando a renovação de lideranças políticas para enfrentar o bolsonarismo e seus aliados.

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