Em meio a crise com EUA, Lula viaja ao Chile para cúpula com líderes de esquerda
Presidente participará de fórum sobre democracia enquanto governo negocia para evitar tarifaço e responde a sanções impostas por Trump
Por Plox
20/07/2025 12h46 - Atualizado há 1 dia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca neste domingo (20), às 16h, rumo à capital chilena, Santiago, para um encontro com outros chefes de Estado da esquerda latino-americana e europeia. A reunião acontece em meio a um cenário delicado: a escalada nas tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.

Lula será recepcionado pelo presidente do Chile, Gabriel Boric, com um jantar oficial. No dia seguinte, segunda-feira (21), ele participa de um fórum que reunirá os presidentes Gustavo Petro (Colômbia), Pedro Sánchez (Espanha) e Yamandú Orsi (Uruguai), todos eleitos por legendas de esquerda ou centro-esquerda. O evento contará com reuniões privadas entre os líderes, um almoço e um encontro com representantes da sociedade civil, acadêmicos e centros de pensamento.
De acordo com informações do Palácio do Planalto, o debate será dividido em três temas centrais: a defesa da democracia e do multilateralismo, o combate às desigualdades e o papel das tecnologias digitais no enfrentamento à desinformação. Essa será a segunda vez que o grupo se reúne para discutir essas pautas. A primeira aconteceu em setembro de 2024, durante a 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Um novo encontro está agendado para a 80ª edição da Assembleia, também em Nova York.
Paralelamente à viagem de Lula, o governo brasileiro tenta negociar com setores públicos e privados dos EUA para evitar a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos exportados pelo Brasil, com previsão de entrar em vigor a partir de 1º de agosto. As tratativas são lideradas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Enquanto isso, as tensões aumentaram com o anúncio recente do governo de Donald Trump, que impôs sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao procurador-geral da República, Paulo Gonet. A medida foi tomada pouco após o STF adotar ações cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em declarações públicas, Trump tem intensificado suas críticas ao Brasil, especialmente em relação às decisões do STF e à pressão que as big techs dizem sofrer no país.
A viagem de Lula ao Chile acontece, portanto, em um momento de forte turbulência nas relações com os EUA, ao mesmo tempo em que reforça a articulação internacional entre líderes progressistas.