Haddad nega retaliação aos EUA com nova regra para dividendos
Ministro da Fazenda descarta resposta econômica diante do aumento de tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros
Por Plox
20/07/2025 07h56 - Atualizado há 2 dias
Em meio ao aumento da tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo brasileiro não pretende adotar mudanças mais severas na regulamentação dos dividendos como forma de retaliação ao recente aumento tarifário imposto pelos norte-americanos.

A partir de 1º de agosto, produtos brasileiros estarão sujeitos a um tarifaço de 50% determinado pelos EUA, fato que gerou inquietação no meio político e econômico. Apesar do impasse nas negociações bilaterais, Haddad foi enfático ao declarar que o governo “não cogita essa medida”, em entrevista concedida ao jornal Estadão.
Integrantes da equipe econômica reforçam que a aplicação de punições a empresas por razões de natureza política seria prejudicial e poderia provocar a retirada de investimentos internacionais do país. Essa linha de pensamento tem prevalecido no Ministério da Fazenda, que teme os efeitos colaterais de uma retaliação direta.
O Palácio do Planalto, por sua vez, se prepara para a possibilidade de medidas ainda mais duras vindas dos Estados Unidos. A preocupação aumentou após a operação da Polícia Federal que teve como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro na sexta-feira (18).
Enquanto isso, o comitê interministerial responsável por discutir estratégias sobre o caso é liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, também à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Ele defendeu, em declaração pública, que o cenário político e jurídico brasileiro não deve interferir nos trâmites comerciais com os Estados Unidos.
\"A separação dos Poderes é a base do Estado, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Os poderes são independentes. Não há relação entre uma questão política ou jurídica e a tarifária\", afirmou o vice-presidente
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Em resposta ao clima de tensão, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, divulgou nas redes sociais a revogação dos vistos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de seus familiares e de seus aliados no tribunal. Em seguida, outros sete ministros da Corte também tiveram seus vistos cancelados.
A crise diplomática se intensifica, mas, por ora, o governo brasileiro evita tomar medidas que possam agravar ainda mais a situação, buscando preservar os investimentos e manter a estabilidade econômica diante do cenário delicado.